De Angola a Zâmbia: encontros e desencontros da Fase Três
Já entendemos que nossa viagem acontece por fases. Colocamos o pé na estrada, filmamos, tiramos milhares de fotos e vamos descobrindo maravilhas por essa África a fora. Mas, depois de uma dezena de dias no mato, precisamos dar uma parada. Não para descansar – mas para trabalhar em frente aos laptops! Sim, necessitamos escrever nossas colunas em português e em inglês, fazer o upload delas nos sites Viajologia e Lights of Africa, preparar as histórias de TV que irão ao ar no Canal Futura e processar todas as fotos e as imagens de vídeo. Uma trabalheira! E, durante esses momentos, uma conexão internet é (quase) indispensável.
Assim, completamos mais uma etapa. De Lubango (Angola) às Cataratas Vitória (Zâmbia), levamos 19 dias e rodamos 2.650 km. Embora ainda no início da jornada, já começamos a conferir alguns prêmios. O troféu “Estrada Mais Detonada” fica – até agora – com o trecho de 100 km entre Humbe e Cahama, em Angola. A rodovia original data do tempo da colônia portuguesa, há uns 50 anos. Durante meio século, não houve nenhuma manutenção da estrada e as crateras foram crescendo – em tamanho e em profundidade. Tivemos de passar por esse maldito pedaço duas vezes!
A estrada de Lubango até a fronteira da Namíbia tem trechos modernos, outros antigos e também marcas da guerra civil que assolou o país até 2002.
O prêmio “Pessoa Mais Azeda” foi abiscoitado – sem nenhum páreo – pela proprietária do Casper Lodge, em Lubango. Tratando os empregados com desprezo (e racismo), até mesmo em frente a clientes, Dona Irene conseguiu manter seu stress e mau humor durante os sete dias que passamos na simpática capital do sul de Angola. Detalhe importante (para não comprometer os africanos): Dona Irene é uma portuguesa branca e ela comprova que a mentalidade colonialista ainda existe.
Nos próximos posts, revelaremos alguns dos prêmios positivos, relacionados com as mais belas paisagens, encontros com animais selvagens, momentos espetaculares e as pessoas maravilhosas que temos encontrado. Um destaque especial (para compensar a Dona Irene) vai para o escritor luso-sueco Miguel Gullander que mora em Namibe, na costa angolana. Miguel, que vive na África há duas décadas, tem um livro publicado no Brasil – Perdido de Volta – pela Editora Língua Geral. Um viajólogo de primeira!
O fim de uma etapa também é uma oportunidade para fazer um balanço. Nossa saúde continua em excelente estado, estamos nos alimentando de forma saudável e dormimos 7 ou 8 horas por noite.Mas nossas máquinas tem tido suas crises! Nossa geladeira, depois de dois problemas que resolvemos, decidiu, um dia, parar de funcionar. Quase perdemos todas nossas “carnes de soja” que estavam no interior. Demoramos para descobrir que o fusível (na caixa da bateria) havia derretido. De volta à Namíbia, Mikael e eu tomamos uma decisão. Sentimos que nossa geladeira, que guarda tão carinhosamente alimentos e bebidas, precisava (como uma namorada exigente) de um pouco mais de atenção. Resolvemos assim batizá-la e comprar uma super bateria nova para ela.
A cerimônia de batismo aconteceu na Pousada Lianshulu, na Faixa de Caprivi, na Namíbia. A geladeira recebeu o nome de Ocaia, “companheira” em Suaíli.
Acho que também vamos batizar nossas câmeras e objetivas. Um incidente totalmente banal – a queda de uma das máquinas de uma altura de apenas 20 cm – provocou um estrago catastrófico: a lente 18-200 mm perdeu seu foco (manual e automático) e já não funciona perfeitamente. Mas, graças aos eficientíssimos gerentes das pousadas Wilderness Safaris onde estivemos (na Namíbia – onde aconteceu o estrago – e na Zâmbia), uma nova lente foi comprada em Nova York e, depois de passar pela África do Sul, Namíbia e Zimbábue, ela chegou às minhas mãos, na Zâmbia, em apenas seis dias!
Vale notar que, ainda na Namíbia, fizemos um pequeno desvio para visitar o meteoro Hoba, considerado como o maior do mundo. O bloco de ferro (parece até inoxidável) e níquel pesa 50 toneladas e teria aterrissado há 80 mil anos.
O meteoro Hoba foi encontrado apenas em 1920 e tem 3 metros de diâmetro por 1 metro de altura.
Nessa terceira etapa viajamos, com a Nandi, por três países: Angola, Namíbia e Zâmbia. Mas a pé, estivemos também em Botsuana (quando cruzamos as margens do rio Kwando para filmar hipopótamos) e no Zimbábue(quando visitamos o outro lado das Cataratas Vitória). No total, durante esses 47 dias de viagem e 8.870 km de estradas, passamos por seis países.
Mikael conseguiu colocar em um mapa da África todo o trajeto original realizado pela Nandi. Para entender melhor nossa jornada, o mapa abaixo mostra o trajeto da Fase 1 em azul, o da Fase 2 em verde e o da Fase 3 em violeta.
VIEW LIGHTS OF AFRICA III IN A LARGER MAP
Enquanto viajamos pela Zâmbia rumo ao norte, postaremos – todas as SEGUNDAS e QUINTAS – as crônicas dessa terceira etapa, começando com os lugares incríveis que descobrimos em Angola.
Para concluir, viajantes atraem viajantes. Estamos seguindo a “Expedição Indochina” de Valéria Zopello, que está entre a Tailândia e o Cambodia, e também a jornada “Saara a Pé” de Toco Lenzi. Boa sorte para vocês e que Omega Megog tome conta de todos nós.
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