O texto que se segue foi extraído do Boletim Cultural do Huambo nº 15, de Setembro de 1962
Huambos e bailundos eram povos irrequietos e guerreiros, em constantes conflitos com os vizinhos, cujas terras raziavam, atingindo em suas avançadas a Catumbela, Quilengues, Quipungo, Humbe, sem poupar o histórico presidio de Caconda. Tais factos motivaram o envio de numerosas expedições punitivas, algumas das quais redundaram em sérios desastres, outras atingindo seus objectivos. Entre estas, merece especial menção a de 1773, não apenas em seu aspecto puramente militar como, sobretudo, pelo percurso efectuado, a que forçosamente haviam de corresponder as mais tremendas dificuldades e privações. Efectivamente, duas colunas partiram para o interior, uma de Luanda e outra de Benguela, esta por Caconda, aquela por Pungo-Andongo, reunindo-se finalmente em Quingolo (Cuima), para de novo se separarem no Quipeio, regressando aos respectivos pontos de partida, mais de dois anos passados, após haverem submetido e avassalado os principais chefes planálticos, entre eles os do Huambo, Bailundo e Sambo. Porém, a ausência de ocupação efectiva originou novas desordens, culminando com a revolta do Bailundo, Bié e Huambo, em 1902, e suas naturais resultantes: - assassinatos, roubos, destruições. A gravidade da situação exigia medidas enérgicas, que se traduziram no avanço de três colunas militares contra os revoltosos: - a do Libolo, comandada pelo tenente Pais Brandão, que desbarata e põe fora de combate os principais chefes rebeldes; a do Norte, sob o comando do capitão Massano de Amorim, que de Benguela segue pelo Bocoio, Balombo e Luimbale, con- solidando ali a nossa autoridade; e a do Sul, dirigida pelo capitão Teixeira Moutinho, que se concentra em Caconda, ocupando seguidamente o Huambo. A fim de evitar a repetição de acontecimentos deste género e para garantia da paz e tranquilidade dos povos, estabelecem-se redutos fortificados em diversos pontos do Planalto, a cujos comandantes é conferida competência civil, a par das suas funções militares. Desde então, a calma tem sido absoluta em todo o Distrito, cujos habitantes recentemente deram e continuam a dar ao mundo uma formidável lição de portuguesismo, não só recusando qualquer entendimento com os terroristas, como combatendo-os heroicamente e colaborando nos trabalhos agrícolas das zonas mais afectadas, assim se imortalizando sob a designação popularizada de bailundos.
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