domingo, 3 de agosto de 2008

Oratura... dos ogros... e do fantástico...

A coreógrafa e investigadora angolana Ana Clara Guerra Marques, está a trabalhar num projecto multidisciplinar – Oratura… dos Ogros… e do Fantástico – cuja estreia acontece hoje,1º de Agosto, na cidade do Namibe, terra natal do artista plástico Mário Tendinha, criador do projecto.
Para além do Horto Municipal do Namibe, de 2 a 5 de Agosto, esta performance será igualmente vista no Museu Nacional de História Natural, em Luanda, de 19 a 28 de Setembro. Projectado para ter lugar num espaço amplo (Horto municipal no Namibe e Museu de História Natural em Luanda), este evento terá como base um longo corredor ladeado por 10 telas
com 2 metros de altura, da autoria de Mário Tendinha.
Para este evento será criada uma performance coreográfica, a cargo de Ana Clara Guerra Marques, que envolverá 7 bailarinos e 4 músicos percussionistas com música de Victor Gama.
O desenho e a criação dos figurinos são da autoria de Nuno Guimarães.
Esta articulação das várias áreas artísticas estender-se-á a uma interacção com o público, de forma dinâmica e surpreendente, transportando-os até ao mundo dos Ogros e do Fantástico
imaginado pelo pintor, a partir da oratura popular.
Ana Clara Guerra Marques que dirigiu a Escola de Dança do Ministério da Cultura desde o ano de 1978, fundou em 1991 a primeira companhia de dança profissional de Angola – a Companhia de Dança Contemporânea (CDC) – com reabertura na forja e com a qual introduziu a dança contemporânea no nosso país, o que lhe tem valido a designação de “pioneira da dança contemporânea angolana”.
Foi com a CDC que se divulgou este novo género da dança angolana no mundo, através de diversas peças assinadas pela autora e bem conhecidas do público angolano, tais como «Agora não dá! Tou a bumbar!...», «Palmas, por favor!», «Imagem e Movimento», «A propósito
de Lweji», «Mea Culpa», «Uma frase qualquer e outras... frases», «Os quadros do verso vetusto», entre muitas outras.
Possuidora de um vasto currículo profissional, Ana Clara, Mestre em Performance Artística – Dança, prepara actualmente o seu doutoramento nesta mesma área e há anos que se vem dedicando à investigação na área das danças patrimoniais de Angola. Quadro Superior do Ministério da Cultura de Angola, presentemente a trabalhar na reforma do ensino artístico, é ainda membro individual do Conselho Internacional de Dança da UNESCO, tendo ganho o Prémio da Nacional da Cultura e Artes em 2006
ADEBAYO VUNGE


A LITERATURA ORAL é, ainda hoje, um importante suporte sócio-cultural entre os povos,
nomeadamente em Angola. A sua transmissão por via geracional determina a sua essência
efémera, onde alguns dos seus elementos acabam por se diluir ou mesmo perder.
Com base num conjunto de contos da tradição oral angolana, dos diferentes grupos etno-
linguísticos do país (lunda, tucokwe, ovimbundu, herero, ambo, vatwa, nyaneka, bakongo,
umbundu, etc.) recolhidos por vários estudiosos e compilados pelo Professor Doutor
Américo Correia de Oliveira, serão elaboradas 10 telas gigantes que darão forma e perpetuarão algumas das principais personagens do fantástico angolano.
Assim, o projecto “ORATURA –DOS OGROS... E DO FANTÁSTICO...” surge de uma reflexão
amadurecida com o tempo e da vontade de criar, através das artes visuais (neste caso, a pintura, a dança e a fotografia), uma linguagem experimental e uma proposta estética que estimule e inquiete o público.
A originalidade desta exposição estará, pois, no facto dela não pretender fazer a releitura dos
contos, mas recuperar algumas figuras do imaginário tradicional angolano, associando-se,
para o efeito, a outras formas artísticas. Ao propor novos olhares e diferentes leituras, pretende-se contribuir para um enriquecimento e salvaguarda desse património oral.
Para que um público mais alargado possa acompanhar o desenvolvimento do projecto,
existe um sítio Internet para a publicação de notícias, fotos, vídeos, entre outro material,
e onde se poderão também registar sugestões, opiniões e comentários.
PINTURA: MÁRIO TENDINHA
PERFORMANCE COREOGRÁFICA: ANA CLARA GUERRA MARQUES
FOTOGRAFIA: JOSÉ PINTO









Pensar e Falar Angola

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