Samuel Chiwale, 64 anos, co-fundador da UNITA conta como nasceu e cresceu o movimento. O ex-comandante-geral da UNITA relata, na primeira pessoa, em “Cruzei-me com a História”, lançado há dias em Lisboa , a sua vida no movimento. Chiwale e Savimbi são duas histórias que se cruzam quase por completo.
Samuel Chiwale, filho de um soba "por direito e tradição", dava catecismo na Missão Evangélica do Bailundo - fundada em finais do século XIX - e era vendedor ambulante de gado. O pai, recorda, lembrava-lhe frequentemente que "os estudos são a única forma para se sair da situação".
Os meninos do seu tempo absorviam os ensinamentos dos mais velhos, à noite, à volta da fogueira. Num espaço envolto pela natureza, o jovem Chiwale tocava batuque "com grande mestria" e caçava de forma "exímia", como confessa neste livro.
Samuel Chiwale, filho de um soba "por direito e tradição", dava catecismo na Missão Evangélica do Bailundo - fundada em finais do século XIX - e era vendedor ambulante de gado. O pai, recorda, lembrava-lhe frequentemente que "os estudos são a única forma para se sair da situação".
Os meninos do seu tempo absorviam os ensinamentos dos mais velhos, à noite, à volta da fogueira. Num espaço envolto pela natureza, o jovem Chiwale tocava batuque "com grande mestria" e caçava de forma "exímia", como confessa neste livro.
Seguir as pisadas do pai era então a prioridade. Frequentou a que diz ter sido a maior escola africana em Angola, o Instituto Currie do Dôndi. Foi expulso após uma greve por protesto contra a má comida. Mas fez a 4ª classe e, de regresso à missão do Bailundo, tirou o curso bíblico para poder entrar no secundário, que ali era exigido.
Conta que na sua juventude fugia das rusgas da administração colonial, que obrigavam os jovens a irem trabalhar compulsivamente "para o contrato". Ainda chegou a ser apanhado nas levas, mas, como o pai era soba, soltaram-no. Revoltado, liderou um grupo de apedrejamento de camiões que transportavam gente para o contrato.
Relembra o que a sua memória reteve dos acontecimentos de 1961, em Luanda e nas plantações a norte, da prisão de seu pai, então regedor da área da Caála, "acusado de ser colaborador de Lumumba", a detenção de professores e os assassínios. Mas foi quando viu o estado do seu pai, espancado na prisão, que quis vingar-se do regime colonial. Tencionava aderir à UPA, mas o destino quis que ficasse no então Sudoeste Africano (Namíbia) onde tinha contactos, chegando a pertencer à SWAPO e a combater em seu nome. Conheceu Jonas Savimbi, "um intelectual de mente clara e pensamento profundo", em 1965, tendo aderido às suas ideias, que o marcariam até hoje. Samuel Chiwale fez parte do primeiro grupo da UNITA a receber treino na China, mascarado como recruta da SWAPO. "A forma como os chineses nos tratavam levantava a nossa auto-estima", diz. Na Academia Militar de Nanquim, chegou a juntar-se gente da "Frelimo, PAIGC, MPLA, Lumumbistas e outros."
Regressado a Angola, sensibilizou as populações contra "o imposto". A UNITA, que de início possuía apenas "navalhas e cajados", tinha um sistema de mensageiros estafetas que os informavam das movimentações quer da tropa portuguesa quer do MPLA, que queria "desalojar a UNITA das suas áreas libertadas". Da PIDE, que causou baixas entre os seus colegas de luta, o autor refere uma actuação "muito eficiente e bem informada" e desmente que o movimento tenha colaborado com esta polícia política de Salazar.
Regressado a Angola, sensibilizou as populações contra "o imposto". A UNITA, que de início possuía apenas "navalhas e cajados", tinha um sistema de mensageiros estafetas que os informavam das movimentações quer da tropa portuguesa quer do MPLA, que queria "desalojar a UNITA das suas áreas libertadas". Da PIDE, que causou baixas entre os seus colegas de luta, o autor refere uma actuação "muito eficiente e bem informada" e desmente que o movimento tenha colaborado com esta polícia política de Salazar.
Pensar e Falar Angola
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