quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dia Mundial da Dança

Se ela Dança eu dançoQue seria a vida sem a dança?
Pensar e Falar Angola

Homenagem a Carlos Alberto MMVP



Carlos Aberto Maac-MAhon de Victória Pereira,
22 de Outubro de 1925- 27 de Abril de 2009
O único irmão homem do meu Pai que nos restava, foi-se para sempre. 
 
Dos oito irmãos, resta a Ruth, arquitecta e tantos anos professora em Benguela, agora reformada e a viver em Loulé. 


Que bem ele cantava a Samaritana, mesmo nestes últimos anos em que não podia falar !
Em Homenagem ao Tio Carlos...ao nosso Mac...
A Samaritana, o fado de Coimbra que ele mais gostava...


Pensar e Falar Angola

terça-feira, 28 de abril de 2009

Crónicas de Luanda...

É tempo de calemas….

Viajando de novo pela estrada Luanda-Benguela, que desliza junto à costa, pela primeira vez vi o mar riscado de branco, às tirinhas, e sem aquele aspecto de imenso lençol azul turquesa com pinceladas de verde esmeralda, todo tufadinho, estiraçado até à linha do horizonte. Pelo contrário, mostrava-se de ar enfunado, a deixar adivinhar pouca convivialidade para passeatas descuidadas à beira-mar, banhos e mergulhos. Sua excelência estava de calemas…

Calemas, ondas grandes, as marés-vivas da costa africana, que ocorrem por altura do equinócio, chegaram mais tarde do que o costume, diz quem conhece, e vieram emprestar ao abril-águas-mil efeitos secundários terrivelmente belos e inclementes. Da ilha de Luanda chegou notícia de uma trintena de habitações arrasadas da noite para o dia, sina de musseque, definitivamente, e dos atrevidos avanços praias adentro que arredaram, provisoriamente, os veraneantes de fim de semana. Nas praias da costa, rumo ao sul, o efeito calema já deixou marcas, afectou acesso aos resorts de Sangano, logo em reposição, depenicou o areal, e escabujou-se à roda das cubatas da aldeia dos pescadores dali, mais avisados e prevenidos, afortunadamente. Espero voltar lá, brevemente, e ver como está.

A surpresa aguardava-nos na foz do Kuanza que, segundo entendidos, até final do mês, ou pouco mais, vai mudar completamente de figura. Com efeito, a bela língua de areia que se espraiava entre o oceano e o rio, delicada e fofa como um palito la reine, apresentava-se um tanto desdentada, com entradas por onde galgavam as ondas até lamberem o rio, agora azul marinho em correntezas de meter respeito. Como quem sabe o que aí vem e já se vai preparando. A fazer fé nas previsões, que os movimentos da geo-dinâmica autóctone, surpreendentemente espantosos, não enganam ninguém, a restinga vai desaparecer a brevíssimo trecho, na margem direita vai nascer uma praia, e o rio vai entrar a direito no mar, sem se demorar naquele comprido lagozinho remançoso, mas com forte personalidade, onde nos acocorávamos em amenas cavaqueiras, quais hipopótamos de pequeno porte e grande deleite. A caminhada restinga fora, ora na frescura espumosa do mar, ora no chapinhar cóceguento do rio, desaguava sempre em banhos de caldeira morna, lentos, demorados, relaxantes. Acabou; ou vai acabar. Outro programa de festas há-de vir, que o sítio é de eleição e vai continuar a ser paradeiro de repouso e fruição.

Nas margens os mangais arregaçam mais ainda os esguios troncos, quase tranças, as águias pesqueiras planam altaneiras a mirar a pescaria, e os pescadores amadores, e amantes de pesca grossa, fazem contas ao peixe que está para vir já que, de momento, o que por aqui estagiava se foi em demanda de águas mais serenas, longe das calemas. Plantas, bichos e homens em concertada espera, quando o tino dos homens prevalece, que dos outros não há que temer, a mãe natureza os educou no respeito das tradições e na justeza dos costumes .

Ela, a mais-velha, se respalda em seus jeitos de realeza e, se cultuada a preceito, é magnânima em seus mimos, quanto desmesurada em seus amuos. Da sua raiva, em espasmos de sentida revolta, sabem sobretudo os homens que continuamente a provocam com arrebites de assomos de civilização, cada vez maiores os avanços e as perdas. Avançam, sem olhar a meios, os detentores do chamado progresso civilizacional. Perdem os demais, plantas, bichos e homens. E sobretudo os homens. Os que não navegam na crista da onda do progresso. Os das civilizações ditas atrasadas. Os das sociedades ditas subdesenvolvidas; ou das regiões (países) ditas em desenvolvimento; ou das economias ditas emergentes. Depende do que têm ou do que podem vir a render. E quando rendem, rendem para quem pode, para quem já tem e não para quem precisa, porque é preciso ter para poder cavalgar a onda. Resistir à calema.

As calemas que a tempos se eriçam na costa africana, em espendores de espuma e caprichos de ventania, revolteando areias, (re)talhando margens, expressivos bailados de Kiandas, as deusas dos mares, são aguardadas e celebradas como lhes é devido. Apenas os indígenas vulneráveis as temem, porque as respeitam e guardam reverência à mais-velha, mãe natureza. E a velha sente que os seus ensinamentos se desconjuntam, a terra se desmorona. E estrebucha e braveja. Dá sinal. O planeta, ele, o mais-velho, representa o poder, ela a força, mas ele não pode nada. Está seriamente ameaçado. Todavia, e ainda, ao abrigo das calemas da civilização? Nada o garante. Muito pelo contrário.

Luanda, 22 abril 2009

Crónicas de Luanda...

De Benguela para a Gabela…

O fim de semana prolongado da Páscoa, precedido de um compromisso profissional em Benguela, foi aproveitado para nova incursão naquelas paragens e, no regresso, uma visita à Gabela, a terra dos cafezais que, segundo informação espúria, estariam em período de floração.

As flores já se tinham transformado em pequenos bagos verdes, não imediatamente visíveis aos olhos de quem não conhece o arbusto cafezeiro, de modo que após minuciosa busca lá se percebeu que estávamos em presença de vastas plantações de café, de um e de outro lado da estrada. O mar verde de onde se erguiam imbondeiros, bananeiras, e um nunca mais acabar de troncos, ramos e folhas numa algazarra de passarada, flores garridas e frutos “desconhecidos” – a diversidade não aproveita à ignorância de visitantes bio-analfabetos - era afinal o demandado cafezal. A estrada da Gabela é um espécie de pesponto ziguezagueante na vastidão da paisagem verdejante, espampanante no exagero de tons e viços, espelhada no azul prateado do rio que se esgueira por palmares e lagoas, e onde aqui e ali se arredondam aldeias de cubatas e de adobes. Estas, como as da vila, de casas vermelhas da cor da terra, colmadas ou com telhado de zinco, encarrapitadas nos morros em cascata, assim a lembrar o presépio, humildes na singeleza dos cómodos e dos haveres. Maravilha para quem vê, é um espanto, dureza para quem lá vive, dá que pensar, mas que não se adivinha no vaivém colorido das gentes e na garridice da catraiada. Dir-se-ia que de tão pouco ter esta gente com pouco se contenta, e se entrega em perfeita harmonia ao brilho da luz , apesar do sol inclemente, que se derrama nas cores cálidas da mãe natureza, ela que a todos se impõe e tudo domina. Enfim, a visão romântica do passante, bem acantonado no ar condicionado, que no devaneio da miragem se escusa a pensar nas endemias e apêndice de enfermidades e escassezes que determinam vidas desprotegidas e mortes prematuras. Beleza e ironia….

A meio caminho, paragem nas cachoeiras do Sumbe, imponente espectáculo natural de luz e som, grossas cortinas cantantes de água a esfumear brancura no verde do entorno recortado no céu azul pintalgado de farrapos de nuvens, e o rio segue lesto a reverberar dourados na manhã soalheira. Ali perto uma aldeia, e o formigueiro do mercado de rua , cabanas e casas de pau-a-pique, outras mais de alvenaria, porém esconsas, perene o abandono das gentes que se afadigam no frenesim de acrescentar às vidas minguadas o pão-nosso-de-cada-dia.

Benguela, a cidade das acácias rubras, continua esbelta e mal trajada. Belas vivendas do período colonial, à vista bem restauradas, bordejam amplas avenidas, boas enfiaduras, junto à zona ribeirinha, onde um passeio marítimo a pedir restauro, salvo no pedaço ocupado por restaurantes e esplanadas, tal como os edifícios, os passeios e os jardins de boa parte da cidade reclamam intervenção urgente. E então Benguela será a bela.

Uma volta pela costa, nos arredores da cidade, levam-nos à linda praia da Baía Azul, enfeitada de árvorezitas de rendilhada folhagem, extenso areal perlado de conchas e pequenos búzios onde um mar canelado, esticadinho, azul e verde desenha bicos de espuma branca. Tudo é luz, cor e serenidade apenas agitada pelo pipiar dos pássaros em revoada. Adiante, picada fora na vastidão do festival de verdes da paisagem, assoma-se à aldeia, paupérrima, e porto de pesca da Caota, com destino à Caotinha, pequeno promontório debruçado sobre uma extensão de mar de crépon azul e esmeraldado a perder de vista. E a vista perde-se em deleites de lavar-olhos-e-enxaguar-alma. Num repente, enxameiam os meninos da aldeia dos pescadores, olhitos fosforescentes na lengalenga da pedinchice suscitada pela presença de estranhos, estrangeiros, entretém de graúdos e pequenada num lugar onde não acontece nada. Na desvairada beleza da natureza selvagem e dominadora. Só a pobreza das gentes mora aqui.

Luanda, 16 Abril 2009

As Quintas do Debate

CONVITE

Naquilo que é a cultura tradicional do povo Ovimbundo, o Onjango é uma grande herança dos antepassados, pois constitui um dos simbolos que enaltece a sua tradição. Dentro do contexto angolano como é que nós podemos devolver os poderes das autoridades tradicionais? Dada a sua importância histórica na transmissão de valores e resoluçao de conflitos nas comunidades não seria oportuno incluir no texto nacional (lei constitucional) os poderes e as competências das autoridades tradicionais?
A vida em sociedade significa interiorizar aquilo que são os valores fundamentais e pô-los em prática!

QUINTAS DE DEBATE pretende juntar diferentes visões sobre temas da actualidade como política, economia e sociedade. Acompanhe:

No dia 30 de Abril a partir das 15 horas, no SOLAR DOS LEÕES-BENGUELA, será realizado mais um Quintas de Debate, com o tema:
PROCESSO CONSTITUINTE: Democratização das Autoridades Tradicionais, é possível?
Será Prelector: Padre Canário

Poderão acompanhar ainda a 14 de Maio de 2009:
DEMOCRACIA, ELEIÇÕES E CIDADANIA: O que é necessario para que as eleições signifiquem democracia? O papel da sociedade civil no equilibrio politico.
Será prelectora: Tina Abreu


Pensar e Falar Angola

26 de Abril 2009 - Afrikya Podcast



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Foto: Tonspi.


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Posted by Toke

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um HOMEM que desaparece

Chegou hoje, por um amigo comum, a notícia do desaparecimento dessa grande figura angolana, Carlos Alberto Mac-Mahon de Vitória Pereira. Aqui deixo uma singela homenagem ao Homem de quem nunca nos iremos esquecer.

 

"Cala-te Carlos" é o título da obra de autoria do deputado Carlos Alberto Mac-Mahon que é lançada hoje as 19 horas, no restaurante Meu Amor da Rua 11, em Luanda.

O livro, que conta com uma introdução do autor, reúne cerca de 46 crónicas escritas na década de 90 e publicadas pelo Jornal de Angola.

Com 106 páginas, o livro apresenta aspectos relacionados sociedade angolana, ocorridos antes e depois das eleições de 1992.

A obra "Cala-te Carlos" apresenta ilustrações de Don Kimas e, nesta primeira edição que é da responsabilidade do autor, conta-se uma tiragem de 2500 exemplares.

Carlos Alberto Mac-Mahon de Victória Pereira nasceu aos 22 de Outubro de 1925, na cidade do Lubango e formou-se em medicina pela Universidade de Coimbra.

Após o seu regresso a Angola exerceu as funções de director dos hospitais Maria Pia, Maternidade Lucrécia Paim, entre outras instituiçõesde saúde.

No ano de 1991 foi eleito primeiro Bastonário da Ordem dos Médicos em Angola.

Em 1992, Carlos Alberto Mac-Mahon exerce as funções de deputado na Assembleia Nacional pela bancada do MPLA.


Fifer
Pensar e Falar Angola

Desporto de vez em quando

Futebol

Jornal de Angola

O 1º de Agosto recuperou dois pontos ao Petro de Luanda, após derrotar ontem no Estádio 22 de Junho, o Interclube, por 3-2, no encerramento da nona jornada do Campeonato Nacional de Futebol da I Divisão, Girabola-2009.
A perder ao intervalo por 2-0, com golos de Nuna e Minguito para os polícias, os militares regressaram dos balneários com a postura competitiva que têm patenteado nas Afrotaças, desfazendo o atraso no marcador em 45 minutos.
Galvanizado pela boa exibição assinada na ronda anterior diante do Petro de Luanda, o Interclube procurou repetir a dose, mas com desfecho diferente: a vitória. E chegou, na primeira parte, a produzir o suficiente para conquistar os três pontos.
Com os militares irreconhecíveis, os pupilos de Augusto Inácio assumiram o comando jogo. Sufocaram o último reduto do adversário, até então uma caricatura da equipa que começa a justificar a qualificação para a fase de grupos das Liga dos Clubes Campeões Africanos.
A conversa ao intervalo espevitou as tropas dos russo Victor Bondarenko, que voltou a lançar a palavra de ordem: “atacar, atacar, atacar”. Bena, Manucho e Tuabi fizeram os golos da vitória na reviravolta do 1º de Agosto.
Imparável continua a Académica do Soyo, de Raul Kinanga, vitorioso na recepção ao Kabuscorp do Palanca, por 1-0, com golo de Akana, já nos instantes finais.
O triunfo deixa os estudantes agarrados aos rubro e negros na perseguição ao comandante.
Goleado no espaço de cinco dias pelo Entente Sétif, da Argélia (0-4), na corrida aos grupos da Taça da Confederação, e pela Académica do Soyo (2-4), no Girabola, o Recreativo do Libolo reagiu com uma vitória gorda (3-0) frente ao 1º de Maio de Benguela, cujo posicionamento classificativo inspira cuidados.

Automoveis

Angolano Ricardo Teixeira demonstra talento na ÁSIA

Jornal de Angola

Ricardo Teixeira, piloto de testes de Fórmula 1, ao serviço da Williams, fez ontem uma exibição digna de realce na prova de Gp-2 do Bahrein, ao conquistar os 17º e 18º lugar, entre 30 concorrentes, apesar de problemas técnicos.
O piloto angolano, emprestado pela Williams a escuderia Trident, teve como principais obstáculos as altas temperaturas e o facto de nunca ter corrido naquele circuito, mas não deixou os créditos em mãos alheias. Superou as constantes avarias técnicas.
Ao partir das boxes, por problemas no sistema de embraiagem, originados pelos 40 graus centígrados que marcam os termómetros no Bahrein nesta altura do ano, Ricardo Teixeira mostrou o seu potencial com a recuperação do 18º lugar em apenas um terço da corrida de sábado.
Decorridos 40 minutos de prova, Teixeira chegou a colocar-se na 12ª posição, mas a necessidade de troca de pneus obrigou-o a regredir alguns segundos. Daí ter conseguido apenas o 17º posto, por não ter colocado pneus já usados.
A corrida foi uma verdadeira prova de superação de adversidades. Depois de partir o nariz do seu monolugar, voltou para a pista e estabeleceu as três voltas mais rápidas da prova, não obstante o facto de ter regressado às boxes quando faltavam 11 voltas para final, por causa do aquecimento do motor.
Os técnicos da Williams mostraram-se satisfeitos com o desempenho do angolano. Acreditam que Ricardo Teixeira tem potencial para brilhar no automobilismo.


Pensar e Falar Angola

domingo, 26 de abril de 2009

Escritores Angolanos - Tomaz Jorge

Morreu poeta Tomaz Jorge

O poeta angolano Tomaz Jorge morreu ontem aos 81 anos em Lisboa, onde residia há vários anos, vítima de doença prolongada, disse hoje à Agência Lusa fonte da família.

Nascido em Luanda, em 1928, integrou em 1950 o movimento literário nacionalista "Vamos Descobrir Angola", ao lado de outros intelectuais como Agostinho Neto, António Jacinto e Viriato da Cruz, motivo que o levou á cadeia várias vezes. 

Era membro fundador da União de Escritores Angolanos - UEA e publicou o seu primeiro livro de poesia em 1963 "Canção da Esperança", estreia literária, que arrematou em 1995 com uma antologia da sua obra completa, "Talamungongo - 50 Anos de Poesia", a sua herança poética. 

Era filho do poeta português Tomaz Vieira da Cruz, que viveu a maior parte da sua vida em Angola e foi autor de várias obras em que se destacam "Quissange, Saudade Negra" (1932) e "Cazumbi (1950). 

Dividindo a sua vida nos últimos tempos entre Angola e Portugal, por razões familiares, Tomaz Jorge foi sempre um defensor da cultura e do nacionalismo angolano. 

Pensar e Falar Angola

(62) - Ágora - O Bem Amado




No dia 22 do passado mês de Fevereiro, falecia no Rio de Janeiro a actriz brasileira Ida Gomes.
Provavelmente ninguém se lembrará da actriz, mas se disser que ela representou o papel de Doroteia no “ Bem Amado”, muitos da minha idade, alguns mais velhos e uns quantos mais novos, recordar-se-ão de um dos momentos de maior” unanimismo” em torno da programação da TPA.
Ainda demoraria algum tempo, para termos em nossas casas receptores de TV a cores, pois as que tínhamos eram a preto e branco, a bem dizer um cinzento, que de certa forma, era a cor adequada à política informativa do MPLA em determinada fase do “processo”.
O “Bem Amado” foi a primeira novela a cores gravada no Brasil , e apesar da “ditadura militar brasileira” é transmitida na Globo em 1973, tendo chegado a Angola no início de 1980, tendo sido um factor de quase unidade nacional, só mais tarde repetido com “Roque Santeiro”, já em meados da década de 80.
“Povo de Sucupira! Donzelas praticantes e juramentadas, matronas com larga fé de ofício! Cidadãos e cidadãs que repousam em berço esplêndido dentro do meu coração”; Foi desta forma que Odorico Paraguaçu subiu como perfeito, ao palanque da praça de Sucupira, para iniciar um percurso de centena e meia de episódios, e enriquecer-nos com um léxico que ainda hoje se perpetua no quotidiano dos angolanos.
Notável trabalho de Dias Gomes, com musica de Toquinho e Vinicius de Moraes, numa novela onde estava a “nata “ do teatro brasileiro, que começou a “emprestar” à TV os seus actores, assumidamente para que estes pudessem obviar às dificuldades inerentes a viver-se unicamente do teatro profissional.
Paulo Gracindo no papel de Odorico e Lima Duarte no papel de Zeca Diabo, encabeçam um elenco de luxo, e uma história que nos amarrava durante uma hora às terças e domingos em frente à TV.
“Seu Dirceu, convoque o deputado. Preciso de ter com ele um ccoloquiamento apelatório catequisante”. “O falecimento é uma condição sine qua non ao estado difuntício”. “Seu Dirceu, o senhor tomou todos os providenciamentos?”.E a cereja em cima do bolo: “Vamos botar de lado os entretanto e partir pós finalmente. Talqualmente”! Estas foram apenas umas quantas frases de uma telenovela imorredoira, e que nunca foi deslembrada.
O fascínio por esta novela era tal, que nada se marcava para a hora da sua emissão, e a cidade literalmente parava duas vezes por semana, à terça e ao domingo, por volta das 21h. Se tivéssemos que ir a Benguela e ao Huambo, Tínhamos a sorte de ver o mesmo episódio três vezes pois a bobine circulava entre províncias.
Havia coisas extraordinárias que aconteciam nesses tempos, como por exemplo termos de ver novamente o ultimo episódio, porque alguém muito importante não o tinha visto, e pressionava o Rómulo, ao tempo director da TPA, a colocar no ar o episódio perdido. Vinham ainda longe os vídeos, os DVDs, e toda a outra tecnologia de reprodução, hoje ao alcance de muita gente.
O “Bem Amado” era uma verdadeira caricatura de um Brasil de caciquismo, de paixões ocultas, de exaltação da fé, e acima de tudo de gestão depótica do poder. Toda a novela girava alegremente em volta de um cemitério, slogan de campanha do partido no poder, personificado em Odorico:” Vote em um homem sério e ganhe um cemitério”.
Fazendeiro, corrupto, político inculto, prefeito que era” prafrentemente e pratrasmente um homem deverasmente”peculiar, sinistro e maquiavélico.
Quando Zeca Diabo, um cangaceiro devoto a “santo padim pade Ciço Romão Batista” mata Odorico, que inaugura o seu cemitério, mote de todo a novela, a autoridade judicial Lulu Gouveia faz o discurso fúnebre:”Adeus Odorico, o pacificador, o desbravador, o honesto, o bravo, o leal, o magnífico…”
Foi bom revisitar o “Bem Amado”

Fernando Pereira
18/03/09

Pensar e Falar Angola

sábado, 25 de abril de 2009

Sábado Musical - Dia Mundial da Luta contra a Malária


Assinala-se hoje o Dia Mundial de Luta Contra a Malária, numa altura em que a África a Sul do Sahara continua a ser a mais afectada no mundo. Em 2008, 86% dos 247 milhões de episódios ocorreram nessa região de África.

A malária está presente nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. O maior foco de transmissão é a África Sub-Sahariana onde ocorrem 90% dos casos no mundo. A malária é endêmica 53 países na África (incluindo 8 países ao sul), em 21 países nas Américas e 14 na região leste do Mediterrâneo, e no sudeste Asiático. A cada ano ocorrem, ocorrem 300 a 500 milhões de casos, com cerca de 1 milhão de óbitos.



Pensar e Falar Angola

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Informações sobre apartamentos e vivendas

Como se tem verificado um fluxo de gente que abala dos vários cantos do mundo com destino à nossa querida Luanda, as estatísticas falam em Portugueses, Brasileiros e Chineses, mas outros há que eu sei, poucos são os que se dirigem directamente para qualquer uma das outras províncias, pelo que acho ser oportuno deixar aqui uma pequena ideia dos preços praticados no imobiliário de Luanda.
É, a gente não vive apenas do leite, da carne fresca e saborosa, dos legumes e da fruta acabada de colher, do pôr do sol para lá do Mussulo, das filas intermináveis do trânsito que um dia vão acabar quando acabarem com o trânsito, isto é, com as pessoas que estão à beira dum ataque de nervos, a gente não vive do sorriso e da amizade. A gente tem necessidade dum tecto onde possa por o pé ao ar, vestir o calção e de tronco nu esquecer o stress
Portanto aqui vos deixo uma resposta... acessível. A resposta, é claro.


 

 

Bom dia: senhores e senhoras.
Conforme 
a vossa solicitação remeto-lhe os valores dos nosso empreendimentos.
 
Torres do Carmo – centro de Luanda
Condomínio : apartamentos
 
Centro da cidade frente a igreja do carmo
 
T2A-109,35M2----------1.165.000USD
 
T2B-117,01M2----------1.240.000USD
 
T2B-154,85M2----------1-620.000USD
 
T2C-186,06M2----------1.935.000USD
 
T2D-112,49M2----------1.230.000USD
 
T2E-154,85M2----------1.620.000USD
 
T3A-167,43M2----------1.745.000USD
 
T3B-137,33M2----------1.445.000USD
 
T3C-238,62M2----------2.465.000USD
 
T3D-DPLEX-291,56M2---3.000.000USD
 
T4A-233,18M2----------2.460.000USD
 
T4B-310,58M2----------3.235.000USD
 
T4C-237,75M2----------2.500.000USD
 
Formas de Pagamento
 
Apronto
 
30% de entrada no valor do imovel em 35 parcelas e 10% do valor da chaves.

 
 


Ginga Cristina – este é longíssimo do centro de Luanda e qualidade duvidosa..
condominio:apartamentos
viana

Previsão de entrega em junho 2010
 
Financiamento bfa
 
Formas de pagamento
 
Apronto tém desconto de 3%
Por financiamento da 10% de entrada
Por parcela da 35% entrada em 13parcela meses depois o 10% da chaves
Obs: As estruturas fisicas estão a ser Feitas .
-Apartir que  sr faça a sua reserva o apartamento é seu.

 
T3 A-106,63M2-----------258,000,00 USD
 
T3 B-97,61M2------------236,500,00 USD




QUEDAS DO KALANDULA
Condominio:vivendas no Talatona R/C e 1º andar


previsão de entrega setembro de 2009

  
T2-142,00M2------------------------923.000,00 usD
Área do lote 223M2 a 268M2 

T3-172,00M2------------------------1.118.000.00 USD
 Área do lote 243M2 a 296M2

T4-204,00M2------------------------1.326.000.00 USD
Área do lote 237M2 a 289M2



 
COPA CABANA (longíssimo do centro de Luanda e qualidade duvidosa…..)
condominio: Apartamento Benfica----Link---www.proimoveis.com/copacabana
 24 áreas de lazer

 
T2-123,19M2-------------------480.441.00USD
 
T3-153.16M2-------------------597.324.00 USD
 
T4-198,08M2-------------------772.512.00 USD
 
T2- 240,14 M2 Duplex------------1.176.686.00 USD
 
T3-300,26m2  Duplex-------------1.471..274.00 USD
 
T4-356,68M2  Duplex-------------1.747.732.00  USD
 
 
Welwitchia:entrega em abril de 2009 (longíssimo…. E de pouca qualidade)
 
Condominio de apartamentos:Benfica última unidade pronto pagamento isto é na totalidade
 

T4 -124,32M2---------447.000USD – oh pró tamanho de um T4….
 



Spazio talatona
 
condominio de apartamento   talatona novo lançamento

 
T3 -98M2----------apartir de 475.000.00 até 495.000.00 USD 
–oh pró tamanho do T3…eheheheheh
 


 
 
 

 

Chove em Luanda….

por Helena Magalhães

 

Após  um  mais longo do que o habitual período de estiagem a época das chuvas fez finalmente a sua entrada em Luanda.  Eram frequentes os comentários a propósito, em particular na imprensa escrita, advogando  que o “feitiço” da seca era uma lotaria, no caso a correr bem para as obras do governo,  em particular as do governo provincial de Luanda estariam a ganhar com isso, mas a poder dar para o torto se  a chuva não começasse a pingar porque o povo dos muceques, a maioria da população da cidade, já andava inquieto, a sufocar poeira e a esquadrinhar os possíveis autores do tal feitiço. 

Feitiços e feiticeiros aqui é coisa séria. Mesmo em plena capital, volta não volta lá vêm ao de cima, fora o que é abafado,  notícias de violência sobre crianças ou velhos acusados de feitiçaria.  O caso das seitas, descobertas e desmanteladas,   que em Luanda mantinham prisioneiras cerca de quarenta crianças “feiticeiras” indignou a opinião pública, e veio pôr a nu uma realidade pressentida, sabida, mas não assumida.  Desde então  incidentes relacionados com alegadas práticas, e acusações,  de feitiçaria têm vindo a ser noticiados.  As elevadas taxas de analfabetismo  favorecem o campear do obscurantismo  e da crendice, as más condições de vida e a penúria completam o ramalhete, independentemente dos matizes da matriz cultural africana, mais telúrica. A explicação mais desempoeirada, porém, ouvi-a de um jovem  de muceque, motorista  de profissão, pouco escolarizado, mas  informado: “ é gente muito ignorante  e muito mais  oportunista, porque  só acusam os que lhes convêm e não se podem defender;  é  sempre a velha que tem casa própria que é feiticeira, ou a criança que é filho doutro matrimónio”.  É o viver no limiar, ou abaixo, da pobreza.

Bom, mas  as chuvas lá acabram por cair em Luanda. Chuva  grossa, redonda, que chega sem quase aviso e se despenha em fragores dum céu que de repente se põe antracite e o ar fica espesso e esbranquiçado. Num repente muda tudo, só o calor parece aumentar. E num repente há enxurradas inimagináveis, as ruas passam a riachos, alguns caudalosos,  muita gente corre à   procura abrigo, o banho de encharcar é garantido, outros descalçam-se e fazem-se ao piso, pernas  dentro d’água. Os carros,  pneus afundados, deslizam a espadeirar água e lama enquanto vão galgando os improvisados rios que  arrastam  terra e detritos num cenário incendiado de raios e coriscos.  Tudo estrondeia, e os eflúvios da terra molhada enrolam-se no ar quente.

Esta é a versão “secos e molhados”  romântica de quem assiste, bem protegido, às chuvas em Luanda. Bastam umas horas, poucas, e no apuramento de resultados há inundações, casas e carros danificados, árvores tombadas, vias interrompidas. Nos bairros populares, mais muceque menos muceque, os danos, conhecidos e divulgados, dão conta de habitações destruídas, quando não mortes e afogamentos, ruas (??) intransitáveis, prejuizos elevados, enfim, durante dias os charcos, a lama e  o lixo  desfeito  hão-de tomar conta da vida daquela gente. Até à próxima chuvada.  Que por especial desígnio da natureza  há-de fazer-se chegada tempos depois.  Acho que ninguém quer imaginar o que seria de Luanda se chovesse dias a fio….

Nas províncias, especialmente no centro sul, a chuva cai sem parar, as cidades ficam inundadas e desmoronadas, desaparecem aldeias, rebentam diques e pontes, morre gente, talvez muita (?), chegam à capital ecos da desgraça, há milhares de desalojados, irrompem as campanhas de solidariedade e de recolha de fundos, alimentos e roupa,  anunciam-se obras de reconstrução, prometem-se obras de prevenção. São mobilizados homens e máquinas, há gente do governo em penosa digressão, os esforços propalados são de monta.

Há quem cientificamente reclame consequências das alterações climatéricas.  O maldito aquecimento global pisa sem dó os mais pobres que, por o serem,  são mais vulneráveis. A poluição global descarrega em cima deles as nuvens mais viciadas. A indiferença global  deixa-os entregues  à sorte, ou ao azar..      A ganância global   rouba-lhes  os projectos de infra-estrutura e de protecção.  A corrupção global atira-lhes com materiais obsoletos de construção e come-lhes o tutano  da produção. A terra rica não “enrica” quem lá trabuca  e  não manduca. A  sacrossanta globalização toca a todos, sobretudo no perder, mas uns são mais atreitos do que outros. E que me conste o “ao deus dará” não vem da matriz cultural africana; eles  é mais as forças da  natureza e dos  espíritos, dos ancestrais. Herdaram,  os poderosos, com sofreguidão e despudor,  a sageza judaico-cristã do “venha-a-nós”.  Haja paz!

 

Luanda, 7 abril 2009. 



Pensar e Falar Angola

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Contestação em poesia

De vez enquando me apetece dar à 'estampa' aquilo que me enviam pelo e-mail. Não é por concordar ou discordar que as coisas não devem chegar à luz do dia. Existem e como tal há que lhe dar o valor que têm. Podem valer zero, como podem valer mil. Mas valem e isso é que importa.
Um anónimo me mandou um mail com um desafio...
... aqui cabe tudo, desde que não ultrapasse a honestidade.
Ao que sei,  este poema é do Rui Barbosa, brasileiro contestatário,  e não de um angolano descontente. Não vou por este... e pode ser que não me engane...

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,

da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão
……………………..
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo deste mundo!
De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto'."
“Rui Barbosa”


Pensar e Falar Angola

Código da Estrada

http://www.novocodigodeestrada.com/home.html



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Crónicas de Luanda

É tempo de calemas….

Viajando de novo pela estrada Luanda-Benguela, que desliza junto à costa, pela primeira vez vi o mar riscado de branco, às tirinhas, e sem aquele aspecto de imenso lençol azul turquesa com pinceladas de verde esmeralda, todo tufadinho, estiraçado até à linha do horizonte. Pelo contrário, mostrava-se de ar enfunado, a deixar adivinhar pouca convivialidade para passeatas descuidadas à beira-mar, banhos e mergulhos. Sua excelência estava de calemas…

Calemas, ondas grandes, as marés-vivas da costa africana, que ocorrem por altura do equinócio, chegaram mais tarde do que o costume, diz quem conhece, e vieram emprestar ao abril-águas-mil efeitos secundários terrivelmente belos e inclementes. Da ilha de Luanda chegou notícia de uma trintena de habitações arrasadas da noite para o dia, sina de musseque, definitivamente, e dos atrevidos avanços praias adentro que arredaram, provisoriamente, os veraneantes de fim de semana. Nas praias da costa, rumo ao sul, o efeito calema já deixou marcas, afectou acesso aos resorts de Sangano, logo em reposição, depenicou o areal, e escabujou-se à roda das cubatas da aldeia dos pescadores dali, mais avisados e prevenidos, afortunadamente. Espero voltar lá, brevemente, e ver com está.

A surpresa aguardava-nos na foz do Kuanza que, segundo entendidos, até final do mês, ou pouco mais, vai mudar completamente de figura. Com efeito, a bela língua de areia que se espraiava entre o oceano e o rio, delicada e fofa como um palito la reine, apresentava-se um tanto desdentada, com entradas por onde galgavam as ondas até lamberem o rio, agora azul marinho em correntezas de meter respeito. Como quem sabe o que aí vem e já se vai preparando. A fazer fé nas previsões, que os movimentos da geo-dinâmica autóctone, surpreendentemente espantosos, não enganam ninguém, a restinga vai desaparecer a brevíssimo trecho, na margem direita vai nascer uma praia, e o rio vai entrar a direito no mar, sem se demorar naquele comprido lagozinho remançoso, mas com forte personalidade, onde nos acocorávamso em amenas cavaqueiras, quais hipopótamos de pequeno porte e grande deleite. A caminhada restinga fora, ora na frescura espumosa do mar, ora no chapinhar cóceguento do rio, desaguava sempre em banhos de caldeira morna, lentos, demorados, relaxantes. Acabou; ou vai acabar. Outro programa de festas há-de vir, que o sítio é de eleição e vai continuar a ser paradeiro de repouso e fruição.

Nas margens os mangais arregaçam mais ainda os esguios troncos, quase tranças, as águias pesqueiras planam altaneiras a mirar a pescaria, e os pescadores amadores, e amantes de pesca grossa, fazem contas ao peixe que está para vir já que, de momento, o que por aqui estagiava se foi em demanda de águas mais serenas, longe das calemas. Plantas, bichos e homens em concertada espera, quando o tino dos homens prevalece, que dos outros não há que temer, a mãe natureza os educou no respeito das tradições e na justeza dos costumes .
Ela, a mais-velha, se respalda em seus jeitos de realeza e, se cultuada a preceito, é magnânima em seus mimos, quanto desmesurada em seus amuos. Da sua raiva, em espasmos de sentida revolta, sabem sobretudo os homens que continuamente a provocam com arrebites de assomos de civilização, cada vez maiores os avanços e as perdas. Avançam, sem olhar a meios, os detentores do chamado progresso civilizacional. Perdem os demais, plantas, bichos e homens. E sobretudo os homens. Os que não navegam na crista da onda do progresso. Os das civilizações ditas atrasadas. Os das sociedades ditas subdesenvolvidas; ou das regiões (países) ditas em desenvolvimento; ou das economias ditas emergentes. Depende do que têm ou do que podem vir a render. E quando rendem, rendem para quem pode, para quem já tem e não para quem precisa, porque é preciso ter para poder cavalgar a onda. Resistir à calema.

As calemas que a tempos se eriçam na costa africana, em espendores de espuma e caprichos de ventania, revolteando areias, (re)talhando margens, expressivos bailados de Kiandas, as deusas dos mares, são aguardadas e celebradas como lhes é devido. Apenas os indígenas vulneráveis as temem, porque as respeitam e guardam reverência à mais-velha, mãe natureza. E a velha sente que os seus ensinamentos se desconjuntam, a terra se desmorona. E estrebucha e braveja. Dá sinal. O planeta, ele, o mais-velho, representa o poder, ela a força, mas ele não pode nada. Está seriamente ameaçado. Todavia, e ainda, ao abrigo das calemas da civilização? Nada o garante. Muito pelo contrário.

Maria Helena Magalhães
Luanda, 22 abril 2009

SER CANTOR DE CARREIRA

Para quem conhecer alguém que pretenda: “Ser cantor de carreira”

 

Abaixo, você encontrará oportunidade disponível na nossa companhia.

 

Se estiver interessado(a), por favor envie-nos um e-mail usando o link (hiperligação) abaixo. No e-mail queira explicar a razão porque está escrevendo, o que procura e sobre que oportunidade das abaixo mencionadas estaria a candidatar-se.

 

Se algo for do seu interesse, por favor envie-nos (por e-mail) uma carta com informações sobre si e explicando que audição lhe interessou: usando o link (hiperligação) abaixo.

 

novosartistas@hotmail.com

Procura-se Cantores para a:

·        Gestão do Desenvolvimento de Carreira Artístico

·        Contrato de Gravação

 

Veja abaixo, informações sobre os Artistas que procuramos:

·     Cantores a solo do sexo feminino ou masculino em todos os estilos.

·     Entre os 18 e 28 anos de idade.

·     Bilingue (Português/ Qualquer dialecto angolano, Português/ Inglês, Português/ Francês, etc.).

Nós estamos dispostos a fazer com que Cantores a Solo possam desenvolver a sua carreira artística, caso não tenha uma demonstração disponível, você poderá mesmo assim contactar connosco para ter a possibilidade de apresentar-se para uma audição.

As apresentações  de uma demonstração inicial deverão ser realizadas ou organizadas via correio electrónico apenas.

A sua avaliação para nós começa com a sua primeira comunicação connosco, para tal proceda cuidadosamente de acordo as instruções a seguir esboçadas.

Por favor envie-nos e-mail bem escrito em que se inclua um breve currículo e fotografia (s) para análise.

Nem todos os e-mails serão respondidos, apenas aqueles que cumprirem com os nossos requisitos na busca de artistas da secção acima e que seguem correctamente as orientações acima serão respondidas. Por favor dêem-nos algum tempo para retornarmos ao vosso contacto.

Se o que virmos e ouvirmos for do nosso agrado, então iremos solicitar um pacote completo de promoção das vossas demonstrações.

Vamos trabalhar com música de vários géneros, excepto rap e hip-hop.

 

 

 

 

AVISO IMPORTANTE:


Todas as demonstrações/press kits a vocês solicitado por nós deve incluir no mínimo:

(2 músicas demo, currículo, fotografia e informações para contacto (nome, endereço, telefone, e-mail) conjuntamente deverá estar uma carta escrita explicando bem a razão da sua apresentação.

Qualquer omissão destes requisitos acarreta que a sua demonstração não seja analisada.

Receber comunicação apropriada de sua parte também será uma exigência nossa pois ela nos mostrará o nível de profissionalismo, respeito e prioridade que o(a)  senhor(a) dá a sua carreira e aqueles que estão dispostos para os ajudar.

 

Respostas negativas ou positivas aos pacotes solicitados serão dadas via e-mail no espaço de 1 à 3 semanas após nossa recepção, Isto “APENAS” se o seu volume haja satisfeito as exigências acima mencionadas. Por favor fique desde já informado(a) de que quaisquer pacotes de demonstração a nós enviados não serão devolvidos.

 

 


Pensar e Falar Angola

quarta-feira, 22 de abril de 2009






Pensar e Falar Angola

DIA da TERRA e outros Recados

Aproveitando a divulgação que este blog tem tido, e uma vez que hoje me apetece escrever, gostava de fazer uma apelo às autoridades angolanas, à oposição, aos grupos culturais, ao indivuduo que pensa que não é coisa nenhuma, às ONG, a quem tem voz e a quem não pensa apenas com o umbigo, que começasse uma campanha a acabar com a fabricação de carvão vegetal.
Há já países de África que apresentam altos indicies de desflorestação por causa deste flagelo e aquilo que me foi dado ver no corredor Luanda - Namibe, e penso que se agravará para o interor, grande quantidade de floresta à beira da estrada completamente dizimada.
Um dia Angola poderá chorar pela irreversibilidade do problema. Hoje, dia da Terra, é um bom dia para lembrar esta, para já, pequena coisa que se faz ver em Angola.

A importancia deste blog pode também ser medida pelos e-mails que se recebe. Assim, e satisfazendo um pedido, divulgo um que chegou até nós.


Trabalho para uma produtora musical angolana. Neste momento estamos apostados no compromisso de tudo fazer para descobrir e projectar novos talentos no mercado discográfico, pretendo transformá-los, em curto prazo, em vozes credíveis e de sucesso.

Assim sendo, venho ate vocês, pedir a vossa colaboração para uma maior divulgação projecto que estamos a organizar.

Para mais informações sobre a participação do vosso portal não hesitem entrar em contacto.

Esperamos ansiosamente a vossa resposta!

novosartistas@hotmail.com




Pensar e Falar Angola

De Benguela para a Gabela…

aproveitando a oportunidade e a disponibilidade para colaborar neste blog, enquanto não entra em nome próprio, eis a primeira crónica de Helena Magalhães, chegada por e-mail.


por Helena Magalhães

 

O fim de semana prolongado da Páscoa, precedido de um compromisso profissional em Benguela,  foi aproveitado para nova incursão naquelas paragens e, no regresso, uma visita à Gabela, a terra dos cafezais  que, segundo informação espúria, estariam em período de floração. 

As flores já se tinham transformado em pequenos bagos verdes, não imediatamente visíveis aos olhos de quem não conhece  o arbusto cafezeiro, de modo que após minuciosa busca lá se percebeu  que estávamos em presença de vastas plantações de café, de um e de outro lado da estrada. O mar verde de onde se erguiam imbondeiros, bananeiras, e um nunca mais acabar de troncos, ramos e folhas numa algazarra de passarada, flores garridas e frutos  “desconhecidos” – a  diversidade  não aproveita à ignorância de visitantes bio-analfabetos  - era afinal o demandado cafezal.  A estrada da Gabela é um espécie de  pesponto ziguezagueante na vastidão da paisagem verdejante, espampanante  no exagero de tons e viços, espelhada no azul prateado do rio que se esgueira por palmares e lagoas, e onde aqui e ali se arredondam aldeias de cubatas e de adobes. Estas, como as da vila,  de casas vermelhas da cor da terra, colmadas ou com telhado de zinco, encarrapitadas nos morros em cascata, assim a  lembrar o  presépio,  humildes  na singeleza dos cómodos e dos haveres. Maravilha para quem vê, é um espanto, dureza para quem lá vive, dá que pensar, mas que não se adivinha no vaivém colorido das gentes e na garridice da catraiada. Dir-se-ia que de tão pouco ter esta gente com pouco se contenta, e se entrega em perfeita harmonia ao brilho da luz ,  apesar do sol  inclemente, que se derrama nas cores cálidas da mãe natureza, ela que a todos se impõe e tudo domina.  Enfim, a visão romântica do passante, bem acantonado no ar condicionado, que no devaneio da miragem  se escusa a  pensar nas endemias e apêndice de enfermidades e escassezes que determinam vidas desprotegidas e mortes prematuras. Beleza e ironia….

A meio caminho, paragem nas cachoeiras do Sumbe, imponente espectáculo natural de luz e som, grossas cortinas cantantes de água a esfumear brancura no verde do entorno recortado no céu azul pintalgado de farrapos de nuvens, e o rio segue lesto a reverberar dourados na manhã soalheira.  Ali perto uma aldeia, e o formigueiro do mercado de rua , cabanas e casas de pau-a-pique, outras mais de alvenaria, porém  esconsas,  perene o abandono das gentes  que se afadigam no  frenesim  de acrescentar  às vidas minguadas  o pão-nosso-de-cada-dia.

Benguela, a cidade das acácias rubras, continua esbelta e mal trajada. Belas vivendas do período colonial,  à vista bem  restauradas, bordejam amplas avenidas,  boas enfiaduras, junto à zona ribeirinha, onde um passeio marítimo a pedir  restauro, salvo no pedaço  ocupado  por restaurantes  e esplanadas, tal como os edifícios, os passeios e os jardins de boa parte da cidade reclamam intervenção urgente. E então Benguela será a bela.

Uma volta pela costa, nos  arredores da cidade, levam-nos à linda praia da Baía Azul, enfeitada  de árvorezitas de rendilhada folhagem, extenso areal  perlado de conchas e pequenos búzios onde um mar canelado, esticadinho,  azul e verde  desenha bicos de espuma branca. Tudo é luz, cor e serenidade apenas agitada   pelo pipiar dos pássaros em revoada.  Adiante,  picada fora na vastidão do festival de verdes da paisagem,  assoma-se à aldeia, paupérrima, e porto de pesca da Caota, com destino à Caotinha, pequeno promontório debruçado sobre  uma extensão de mar de crépon  azul  e esmeraldado  a perder de vista. E a vista perde-se em deleites de lavar-olhos-e-enxaguar-alma.  Num repente, enxameiam os meninos da aldeia dos pescadores, olhitos fosforescentes na lengalenga  da  pedinchice  suscitada pela presença de estranhos, estrangeiros,  entretém de graúdos e pequenada num lugar onde não acontece nada.  Na  desvairada beleza da natureza selvagem e dominadora.  Só a pobreza das gentes mora aqui.

 

Luanda, 16 Abril 2009


Pensar e Falar Angola