domingo, 20 de setembro de 2009

Faleceu Francisco Costa Andrade - Ndunduma


Francisco Fernando da Costa Andrade, também conhecido pelos pseudônimos de Angolano de Andrade, Nando Angola, Africano Paiva, Flávio Silvestre, Fernando Emilio, Ndunduma e Ndunduma wé Lépi, este último, nome de guerra adotado nos tempos da guerrilha no Leste de Angola, durante os idos anos 60 e 70, era natural do Lépi, localidade situada na actual província Huambo, onde nasceu em 1936. Fez os estudos primários e liceais na cidade do Huambo e Lubango. Por razões que se prendiam com a falta de universidades ou outras escolas superiores na Angola colonial, como acontecia na generalidade com os jovens da sua geração, Costa Andrade encontrava-se em Portugal, nas décadas de 40 e 50, com o objetivo de, em Lisboa, realizar estudos de Arquitetura. Com Carlos Ervedosa, foi editor da Coleção Autores Ultramarinos da Casa dos Estudantes do Império, que desempenhou um papel decisivo na divulgação das literaturas africanas de língua portuguesa, especialmente da literatura angolana.

Foi deputado, pelo circulo Nacional, pelo MPLA.

Obra poética:

Terras das Acácias Rubras, 1960, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império;

Tempo Angolano em Itália, 1962, São Paulo, Felman-Rego;

Armas com Poesia e uma Certeza, 1973, Cazombo-DEC;

O Regresso e o Canto, 1975, Lobito, Cadernos Capricórnio;

Poesia com Armas, 1975, Lisboa, Sá da Costa;

Caderno dos Heróis, 1977, Luanda, União dos Escritores Angolanos;

No Velho Ninguém Toca, 1979, Lisboa, Sá da Costa;

O País de Bissalanka, 1980, Lisboa, Sá da Costa;

O Cunene Corre para o Sul, 1981, Luanda, União dos Escritores Angolanos;

Ontem e Depois, 1985, Lisboa, Edições 70;

Falo de Amor por Amar, 1985, Luanda, União dos Escritores Angolanos;

Os Sentidos da Pedra, 1989, Luanda, União dos Escritores Angolanos;

Limos de Lume, 1989, Luanda, União dos Escritores Angolanos;

Memória de Púrpura, 1990, Luanda, União dos Escritores Angolanos;

Lwini (Crônica de um Amor Trágico), 1991, Luanda, União dos Escritores Angolanos;

Irritação, 1996;

Luanda - Poema em Movimento Marítimo, 1997;

Terra Gretada, Luanda, 2000, Edições Chá De Caxinde.




AUTOBIOGRAFIA

Não existe mais
a casa onde nasci
nem meu Pai

nem a mulambeira
da primeira sombra.

Não existe o pátio
o forno a lenha
nem os vasos e a casota do leão.


Nada existe
nem sequer ruínas
entulho de adobes e telhas
calcinadas.

Alguém varreu o fogo
a minha infância
e na fogueira arderam todos os ancestres.


Pensar e Falar Angola

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