domingo, 4 de janeiro de 2009

Homenagem aos mártires - 4 de Janeiro

Dia dos Mártires da Repreensão Colonial

NOÉ JAMBA*|Bengo 




O ministro da Administração do Território, Virgílio de Fontes Pereira, preside hoje, na Comuna do Úcua, município do Dande, província do Bengo, ao acto Central do Dia dos Mártires da Repressão Colonial, em representação do Chefe do Estado. 
Consta do programa a deposição de uma coroa de flores no túmulo do “Soldado Desconhecido” no cemitério das Mabubas, inaugurações de infra-estruturas administrativas e socais na cidade de Caxito e visita ao centro regional de acolhimento de menores. 
A comemoração da data visa sobretudo “lembrar os sacrifícios consentidos pelos mártires da repressão colonial, a sua determinação, bravura e abnegação na luta contra todas as formas de dominação, opressão e exploração, visando a liberdade da população e a independência nacional”.
A 4 de Janeiro de 1961 milhares de trabalhadores da companhia algodoeira da Cotonang, na Baixa de Cassanje, província de Malanje, foram massacrados pelas tropas coloniais portuguesas, por reivindicarem os seus direitos salariais.
A resposta das autoridades coloniais foi brutal.
A região foi alvo de um bombardeamento com napalm, no que terá sido o maior massacre de militares portugueses na então colónia.
À semelhança dos acontecimentos ocorridos na Baixa de Cassange, no Bengo o regime colonial desencadeou massacres das populações e destruiu aldeias. Localidades como Caculo Cazongo, Piri antigo, Gobe ya Mukiama, Kazua Gongo, são exemplos das várias aldeias atingidas de Março de 1961 a 1970. 
Acompanham o ministro do Território ao Bengo, os ministros da Cultura, Rosa Maria Martins da Cruz e Silva, Telecomunicações e tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, Antigos Combatentes e Veteranos de Guerra, José Pedro Van-Dúnem e da Reinserção Social, João Baptista Kussumua.

Massacre de Caculo Cazongo 

A 24 de Abril de 1968, o regime colonial assassinou friamente 520 pessoas, entre homens, mulheres e crianças na aldeia de Caculo Cazongo, município de Icolo e Bengo, acusadas de terem ligações com a guerrilha do MPLA
Lourenço Cadete, de 62 anos, mora na aldeia de Calulo Cazongo e viu tudo: “Vários comerciantes portugueses chegaram à aldeia de Caculo Cazongo e raptaram velhos, mulheres e crianças, dizendo que tinham ligação com os guerrilheiros. Levaram perto de 520 pessoas e mataram-nas. Nesse dia o soba também foi morto, juntamente com um enfermeiro”. 
Lourenço Cadete disse ainda que “o soba foi a última pessoa a ser morta, depois de ter sido ouvido em declarações na administração. Todos foram sepultados numa vala comum. Alguns mesmo eu testemunhei, foram aqui enterrados vivos”. 
Lourenço Cadete defende a construção de monumentos que simbolizem a resistência e a luta pela independência nacional. 
“Os massacres sucederam-se por todo o lado. Não foi somente na Baixa de Cassange e Caculo Cazongo.
É importante lembrar que vários angolanos foram vítimas da repressão colonial em todo o território nacional”.

*Com Maiomona Artur



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