sábado, 16 de novembro de 2013

Para a História da Imprensa em Angola

Cerca de 1954/55 o meu pai e o sr. Antenor Carranca juntaram-se em torno da ideia de fundar um jornal em Moçâmedes. Tinham a ideia, a vontade, mas não tinham o “lombongo” necesário.
Espremidos os bolsos de um e de outro, tiveram que arranjar crédito para fundar o jornal “O Namibe”.

Depois surgiu um problema grande. Naquela época era muito difícil autorizarem a fundação de novos periódicos, pois receavam as críticas à política do Governo de então. Era a altura em que se dizia que havia um lápis azul, que por acaso era vermelho ! Para contornar essa dificuldade fundaram um jornal desportivo, já com a ideia de depois passar a generalista.

Ainda havia um outro problema a contornar. Para se editar um jornal era necessário que o Director fosse uma pessoa licenciada. Falaram com o Sr. Dr. Manuel João Tenreiro Carneiro (Pai da Teresa, nossa anfitriã), que se prontificou a exercer esse cargo.

Conseguida a autorização e resolvida a burocracia era necessário ter uma tipografia para imprimir a “folha de couve”, como se dizia naquela época. As coisas eram muito diferentes de hoje, em que essa parte da composição do jornal é feita computorizadamente e mandam imprimir em oficinas especializadas.

Nessa altura eu tinha os meus 16/17 anos, e fiquei maravilhado com aquele material, a brilhar de novo, que tinha ido aqui do Puto. O indispensável. Levou tempo, mas aprendi a lidar com os tipos móveis inventados pelo Gutengerg. A composição era feita letra por letra, espaço por espaço, dispostos da direita para a esquerda.

Nessa altura o jornal era tri-semanal, passou para bi, pois Moçâmedes não tinha assim tanto movimento ... Por fim, depois do que todos sabemos, o último numero saíu em 22 de Agosto de 1975 ! ...

Embora já conhecesse o Dr. Carneiro, foi daí, que passei a conhecê-lo melhor e passei a ter um amigo sempre pronto a ajudar e por vezes a dar-me conselhos valiosos sobre os mais diversos assuntos.

Tinha o seu cartório no 1.º andar do prédio onde esteve a Lusolanda, depois a Iluminante de Moçâmedes, portanto logo ao lado do jornal. Muitas vezes descia apenas para dar dois dedos de conversa.

Quando comecei a conhecê-lo melhor, notei que o Dr. Carneiro era muito, mesmo muito distraído.

Acontecia, por vezes, o Dr. entrar e perguntar-me :
- Berto, tens muito que fazer ? (ele chamava-me Berto).
- Assim , assim, Dr., diga.
- Sabes, é que eu saí daqui, para tratar de uns assuntos. Fui à Hudson, à Cicorel, etc. Depois voltei a pé e não sei onde deixei o carro !

E lá ia eu, dar uma voltinha por aquelas ruas, olhando todos os automóveis estacionados, até encontrar-mos o do Dr. Carneiro ! ...
Cerca de 1954/55 o meu pai e o sr. Antenor Carranca juntaram-se em torno da ideia de fundar um jornal em Moçâmedes. Tinham a ideia, a vontade, mas não tinham o “lombongo” necesário.
Espremidos os bolsos de um e de outro, tiveram que arranjar crédito para fundar o jornal “O Namibe”.

Depois surgiu um problema grande. Naquela época era muito difícil autorizarem a fundação de novos periódicos, pois receavam as críticas à política do Governo de então. Era a altura em que se dizia que havia um lápis azul, que por acaso era vermelho ! Para contornar essa dificuldade fundaram um jornal desportivo, já com a ideia de depois passar a generalista.

Ainda havia um outro problema a contornar. Para se editar um jornal era necessário que o Director fosse uma pessoa licenciada. Falaram com o Sr. Dr. Manuel João Tenreiro Carneiro (Pai da Teresa, nossa anfitriã), que se prontificou a exercer esse cargo.

Conseguida a autorização e resolvida a burocracia era necessário ter uma tipografia para imprimir a “folha de couve”, como se dizia naquela época. As coisas eram muito diferentes de hoje, em que essa parte da composição do jornal é feita computorizadamente e mandam imprimir em oficinas especializadas.

Nessa altura eu tinha os meus 16/17 anos, e fiquei maravilhado com aquele material, a brilhar de novo, que tinha ido aqui do Puto. O indispensável. Levou tempo, mas aprendi a lidar com os tipos móveis inventados pelo Gutengerg. A composição era feita letra por letra, espaço por espaço, dispostos da direita para a esquerda.

Nessa altura o jornal era tri-semanal, passou para bi, pois Moçâmedes não tinha assim tanto movimento ... Por fim, depois do que todos sabemos, o último numero saíu em 22 de Agosto de 1975 ! ...

Embora já conhecesse o Dr. Carneiro, foi daí, que passei a conhecê-lo melhor e passei a ter um amigo sempre pronto a ajudar e por vezes a dar-me conselhos valiosos sobre os mais diversos assuntos.

Tinha o seu cartório no 1.º andar do prédio onde esteve a Lusolanda, depois a Iluminante de Moçâmedes, portanto logo ao lado do jornal. Muitas vezes descia apenas para dar dois dedos de conversa.

Quando comecei a conhecê-lo melhor, notei que o Dr. Carneiro era muito, mesmo muito distraído.

Acontecia, por vezes, o Dr. entrar e perguntar-me :
- Berto, tens muito que fazer ? (ele chamava-me Berto).
- Assim , assim, Dr., diga.
- Sabes, é que eu saí daqui, para tratar de uns assuntos. Fui à Hudson, à Cicorel, etc. Depois voltei a pé e não sei onde deixei o carro !

E lá ia eu, dar uma voltinha por aquelas ruas, olhando todos os automóveis estacionados, até encontrar-mos o do Dr. Carneiro ! ...
Uma vez que o Roberto Trindade teve a amabilidade de referir o nome do  meu pai neste post do Facebook o jornal 'O Namibe' lembrei-me de ter visto em tempos no museu da rtp alguma coisa e lá fui eu buscar no milhento e não sei quantos canto do meu computador uma peça do Museu da RTP:  http://museu.rtp.pt/app/uploads/dbEmissoraNacional/Lote%2040/00030135.pdf

Na sequencia deste pequeno post Fernando Pereira faz-me chegar às mãos o scan dum página dum livro que refere a importância no Namibe, antiga Mocâmedes e mais antiga Mossamedes, no panorama da Imprensa angolana.

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