Eduardo dos Santos: "Incompreensões ao nível da cúpula em Portugal não aconselham parceria estratégica"
"Só com Portugal, as coisas não estão bem. Têm surgido incompreensões ao nível da cúpula e o clima político actual, reinante nessa relação, não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada", disse José Eduardo Santos.
Num longo discurso no Parlamento Angolano, Eduardo dos Santos dedicou apenas um par de frases à relação do país com Portugal, não tendo detalhado o alcance do anúncio do fim da parceria estratégica com Angola.
O ministro das Relações Exteriores de Angola disse, depois do discurso de Eduardo dos Santos, ser necessário que os portugueses façam algum esforço para melhorar as relações com Angola. Georges Chikoti, de acordo com a agência de notícias Angop, adiantou que as relações com Portugal podiam ser melhores, mas têm surgido dificuldades que impedem o estabelecimento de relações estratégicas.
Portugal e Angola têm previsto realizar, em Luanda, em Fevereiro do próximo ano, a primeira cimeira bilateral, que foi anunciada em Fevereiro passado pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas.
As autoridades dos dois países pretendem que a cimeira, sob o lema "Reforço da Cooperação Portugal-Angola - O Crescimento Económico e o Desenvolvimento Sustentável dos dois países", "tenha uma densidade e uma característica substantiva muito própria, que trate de assuntos que sejam realidades importantes para os dois povos".
"Estamos a trabalhar em diversos acordos, nas áreas da economia, segurança social, cultura, cooperação em geral", disse Georges Chikoti, na semana passada.
O jornalista Paulo Catarro, da RTP, que se encontra em Angola, falou entretanto com deputados da oposição, nomeadamente da UNITA e da CASA/CE, que referiram que as relações entre Portugal e Angola sempre tiveram altos e baixos, mas sublinham que há uma necessidade de todos se entenderem.
Eduardo dos Santos em Junho: Relações com Portugal decorrem num "quadro de amizade e grande compreensão"
Em Junho deste ano, em entrevista à SIC, José Eduardo dos Santos dizia que as relações com Portugal não estão isentas de "problemas", mas decorrem num "quadro de amizade e grande compreensão". "É evidente que há reminiscências do passado, que há problemas, mas são bastante localizados". "Não nos guiamos por padrões de relacionamento do passado, vivemos uma nova era", garantiu, referindo que o quadro de possível tensão entre o ex-colonizador Portugal e a ex-colónia Angola "foi superado", embora haja "certos círculos da vida portuguesa" que exercitem o "saudosismo" de vez em quando.
Sem confirmar a estimativa que aponta para "200 mil" portugueses em Angola, José Eduardo dos Santos realçou que estes "estão numa posição privilegiada para realizar negócios".
Angola tem uma "grande falta de pessoal qualificado" e os jovens portugueses "são bem vindos", asseverou.
Recordando que "um dos países que mais investe em Angola é Portugal", o chefe de Estado falou então também dos investimentos angolanos em Portugal. "Não temos ainda grande experiência, mas o que interessa é caminhar", disse, destacando os investimentos da petrolífera estatal angolana Sonangol.
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