Encerrou a 1ª Bolsa Internacional de Turismo de Luanda (BITUR), organizada no âmbito da programação anual das Feiras e Exposições que vão mostrando o trabalho desenvolvido em múltiplas
áreas de intervenção económica.
Porque é uma área que tenho acompanhado de perto, nem que apenas seja porque partilho a gestão de uma pequena unidade de “turismo de habitação” nos contrafortes do Parque Natural da Serra da Estrela no interior de Portugal.
Pelas imagens que vi, pelo conjunto de informações que saiam em catadupa na imprensa e na internet, a sensação com que fiquei foi que o certame correu acima das expectativas, e que há neste momento
alguma motivação extra para que as potencialidades do País sirvam para propiciar receitas acrescidas numa industria que tem um peso residual no quadro global.
Desde que o Homem se tornou sedentário, começou a sentir uma enorme necessidade de evasão e, ao mesmo tempo, uma forte curiosidade de contactar com outras terras e outras gentes, que só conhecia
através dos contadores de histórias. Este apelo à viagem talvez tenha a ver com o facto de durante milhões de anos o homem e seus ascendentes terem sido nómadas. É neste contexto, de necessidade de evasão/curiosidade de conhecer, que reside a base do turismo moderno.
O fenómeno turístico é, em termos conceptuais, um fenómeno que tem acompanhado a evolução, o uso do tempo e o conceito de lazer. O uso do tempo está, diretamente relacionado com a organização das estruturas socioeconómicas da sociedade. Já as civilizações clássicas tiveram a sua forma de utilizar o tempo e a praticar o lazer – o termalismo. As termas (Spas como modernamente são chamadas) eram
utilizadas não só como aspeto terapêutico, mas também sob o aspeto lúdico. Com a queda do Império Romano, e até ao final da recessão medieval (Sec. XIV), as pressões de caracter religioso e social,
associados a grandes epidemias que contagiavam as águas, conduziram a um progressivo abandono do termalismo e em seu lugar surgem as peregrinações a lugares de culto, onde havia sempre “Santos” para receber os seus prosélitos, então únicos turistas dignos desse nome. O período mediado entre o seculo XIV até ao seculo XVIII é caracterizado pelo desejo de conhecer mundo. Numa base de aventura e comércio, a que também começa a associar-se a prática de atividades lúdicas.
O seculo XVIII é sem dúvida, uma época de grande mudança para o turismo. A partir de então este começa a organizarse e a sistematizar-se. O que hoje existe é o resultado da evolução do que se passou
nesse tempo. A palavra turismo constituiu-se a partir do vocábulo inglês “The tour”, ou seja
volta ou ida, com retorno ao ponto de partida. Este “tour” designava a viagem que o jovem aristocrático britânico fazia no final dos seus estudos académicos. Esta viagem era por norma realizada à
França, Itália ou à Grécia com o objetivo de complementar a sua formação. Após a Revolução Industrial, a burguesia, detentora de um grande poder económico, possuía um enorme fascínio
pelos valores e hábitos da aristocracia, e para a imitar começou a enviar os seus filhos para os melhores colégios da Europa, e no final lá vinha a tal viagem. O fascínio por Paris era grande já que era o local privilegiado pela aristocracia. O turismo surge intimamente ligado ao crescimento económico concomitante com o nascimento da civilização industrial ocidental. Com o fim da IIª Guerra Mundial, num quadro de grande dinâmica económica e com as alterações no domínio social, nomeadamente férias remuneradas, o reforço das acessibilidades (transporte ferroviário, rodoviário, aviação, vulgarização
do automóvel particular),a escolaridade obrigatória, em suma a melhoria generalizada da qualidade de vida nos países industrializados leva aquilo que hoje se designa correntemente pela massificação do turismo. O progressivo sucesso da atividade turística reside, não só no desenvolvimento socioeconómico e cultural das sociedades modernas mas também no crescente aumento do tempo livre. (cont)
Pensar e Falar Angola
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