domingo, 9 de dezembro de 2012

249 - Ágora - Há mais Mundo (1)




«Não sou suficientemente jovem para saber tudo.» James Matthew Barrie (1860-1937)
A década que vivemos vai ser crítica. As opções dos próximos dez anos vão determinar o ritmo do crescimento populacional durante grande parte da primeira metade do século XXI; vão decidir se a população mundial triplicará ou apenas duplicará, antes de deixar de crescer. Vão determinar uma aceleração ou abrandamento do ritmo de destruição do ambiente.
Esta década por razões diversas vai decidir a fisionomia do que resta do seculo XXI e pode decidir o futuro da terra como lar da humanidade. A população atual é de sete biliões (31 de Outubro de 2011) aumentam em média três pessoas em cada três segundos cerca de um quarto de milhão por dia.
Na atual década em cada ano estima-se que haverá mais 100 milhões de pessoas, mais ou menos a população da Europa Oriental ou da América Central ou seja mais mil milhões de pessoas, toda uma China durante a década. Os maiores aumentos verificar-se-ão na Asia meridional e em África. O Sul da Ásia, que tem quase um quarto da população mundial, será responsável por 31 por cento do crescimento total até ao final do século e a África, que atualmente tem 12 por cento da população  mundial, será responsável por 23 por cento desse mesmo crescimento. Em contrapartida o Leste da Ásia, que tem 25 por cento da atual população do mundo apenas contribuirá com 17 por cento do aumento global previsto. Da mesma forma aos países denominados desenvolvidos, Europa, Rússia e todas antigas repúblicas da ex-URSS, América do Norte e Japão representam 23 por cento da atual população do mundo e terão um aumento previsível de 6 por cento. O problema persiste nos países de menores recursos, ou o inapropriadamente chamado de países pobres, os maiores aumentos serão aí refletidos, sendo os menos apetrechados para investir no futuro e fazer face às necessidades dos que irão nascer.
Se tivermos em conta que na última década a produção de cereais per-capita diminui em 51 países em desenvolvimento e aumentou apenas em 43 aliado ao facto do número total de pessoas mal nutridas  passou de 512 milhões para 532 milhões ficamos com uma ideia perfeita do cenário terrível com que somos confrontados no nosso quotidiano global.
O número total de crianças analfabetas subiu de 300 milhões no início do século para 315 milhões tualmente, números pouco rigorosos e talvez a pecarem por defeito. O número de analfabetos subiu de 889 milhões no dealbar do século para quase um bilião. O número de pessoas sem instalações sanitárias de qualquer tipo passou de 1750 milhões para os 2.000.000 de pessoas. Isto é sobejamente preocupante quando se assiste à globalização da informação com um acesso permanente a um aparecimento continuado de novas tecnologias e evoluções nos últimos cinco anos superiores a tudo que foi desenvolvido até então.
Registam-se sólidos progressos no domínio da saúde, educação e nutrição. A fertilidade e a dimensão das famílias diminuíram. Nas ultima década aumentou substancialmente o planeamento familiar e o de governos que o apoiam. Mas nos países e regiões mais vulneráveis, o crescimento populacional abafou os progressos realizados. Esse crescimento tem vindo a desgastar o próprio planeta. O rápido aumento da população nos “países pobres” já começou a provocar alterações danosas irreversíveis no ambiente. Não estaremos longe de que se atinjam níveis críticos nalgumas regiões da Terra. São evidente o desmesurado crescimento dos centros urbanos, a degradação acelerada dos recursos terrestres e hídricos, a desflorestação mássica e o aumento dos chamados “gases com efeito de estufa”.
A falta de medidas que acautelassem a situação que prevalece em muitos casos com caracter de irreversibilidade levou a que situações já sejam irreversíveis.
As decisões dos nossos predecessores tornaram pequeno o leque de opções que se oferecem à geração atual. A nossa gama de escolhas, como indivíduos ou nações, é não só mais estreita como também mais difícil.
(CONTINUA NO PRÓXIMO NUMERO
Fernando Pereira


Pensar e Falar Angola

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