Resumo
A partir de começos da década de 1870, Portugal iniciou nas
suas colónias ultramarinas um esforço de fomento
semelhante ao que vinha aplicando no território
metropolitano desde 1851. Até às vésperas da Primeira
Guerra Mundial, milhares de quilómetros de carris foram
assentes tanto em Angola como em Moçambique. Neste
artigo, pretendemos analisar este processo de
implementação tecnológica como produtor de uma nova
cultura material. Mostraremos que esta cultura material, que
espelhava as crenças metropolitanas de progresso assentes
na tecnologia, procurou influenciar as populações africanas
locais e as demais nações coloniais europeias. No final,
tentou contribuir para a implementação de uma identidade
nacional na África Portuguesa e para facilitar a colonização
económica e sobretudo cultural dos domínios ultramarinos
nacionais. Para atingir estes objetivos, recorreremos a fontes
textuais diversas (debates parlamentares, relatórios
técnicos, textos de diplomas legais) e a fontes iconográficas,
guardadas em diversos arquivos portugueses e estrangeiros.
Palavras-chave: Nacionalismo Tecnológico. Saint-simonismo.
Colonização. Iconografia.
Hugo Silveira Pereira
Doutor em História pela Universidade do Porto.
Investigador auxiliar no Centro Interuniversitário
de História das Ciências e da Tecnologia
(Universidade NOVA de Lisboa); Honorary
Visiting Fellow no Institute of Railway Studies
(Universidade de York).
Caparica - PORTUGAL
hugojose.pereira@gmail.com
orcid.org/0000-0002-7706-2686
Para citar este artigo:
PEREIRA, Hugo Silveira. Cultura material, progresso, civilização e identidade nacional: Os
caminhos de ferro coloniais em Angola e Moçambique (c. 1870 - c. 1915). Tempo e
Argumento, Florianópolis, v. 11, n. 27, p. 221 - 254, maio/ago. 2019.
DOI: 10.5965/2175180311272019221
http://dx.doi.org/10.5965/2175180311272019221
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