sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Minha Querida Amiga Ilda

Tudo o que falei até agora ficou no silêncio. Tudo o que eu chorei ficou seco. Todas as palavras que eu podia ainda dizer foram caladas assim num repente. Como é? me dizias tu na tua voz cândida e doce de minha segunda mãe. Força, estamos contigo, reforçavas. 
Ilda, até já porque agora te choro e te recordo como todas as minhas memórias. Estamos Juntos!
Podia aqui falar num sem parar todas as coisas que me estão a vir na memória. Mas as lágrimas se me turvam as palavras e nem de decoradas as consigo dizer.
Nado num sem parar, parece me ligaram na electricidade. Se às vezes o céu parece enubla, porque eu não deveria ter vontade de chorar e esconder aqui no zulmarinho as minhas lágrimas? Já sei, tu aí, não, ao lado, vais dizer que lá vem ele com as lamurias dele e do zulmarinho. Mas ao menos eu aqui escondo e ninguém vai dizer eu lhe vi a chorar, a lamentar ou a esconder sonhos. Nado e disfarço nos salpicos.
Hoje acordei assim ou acho foi ontem me deitei assim. Tanto faz.
Tudo afinal tem o tempo da minha imaginação, dos meus sonhos e do meu mundo desde que fale o que penso e não tenha o que desejo.
Aqui, assim num nadar quase olimpicamente imperfeito, vou e venho de sonho, de ideia e de imagem, cumprindo o meu princípio, que é o destino de ser feliz um dia, nem que seja no somatório de pequenas felicidades em que eu finjo que não sei que o nada é para sempre.



Pensar e Falar Angola

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