Estrada
Luanda Dondo vão,
cento e tal quilômetros
mangas e cajus
marcos brancos
meninos nus
Branco algodão
crescendo
corpos negros
na cacimba
O Lucala corre
confiante
indiferente à ponte que ignora
Verdes matas
Sangram vermelhas acácias
imbondeiros festejam
o minuto da flor anual
Na estrada
o rebanho alinha
pelo verde
verde capim
Adivinhados
caqui lacraus
de capacete giz
trazem a morte
Meninos
se embalam
em mães velhas
de varizes:
Rios azuis
da longa estrada
E é fevereiro
sardões ao sol
Cassoalala
Eia Mucoso
tão cheio agora
Adivinhados
permanecem
lacraus caqui
capacetes giz
Não param as colheitas
Que razão seriam
fevereiro
acácias sangrando vermelho
verdes sisais
cantando o parto
da única flor?
Não param as colheitas!
António Cardoso, in "No reino de Caliban II"- antologia panorâmica de poesia africana de expressão portuguesa
Pensar e Falar Angola
Luanda Dondo vão,
cento e tal quilômetros
mangas e cajus
marcos brancos
meninos nus
Branco algodão
crescendo
corpos negros
na cacimba
O Lucala corre
confiante
indiferente à ponte que ignora
Verdes matas
Sangram vermelhas acácias
imbondeiros festejam
o minuto da flor anual
Na estrada
o rebanho alinha
pelo verde
verde capim
Adivinhados
caqui lacraus
de capacete giz
trazem a morte
Meninos
se embalam
em mães velhas
de varizes:
Rios azuis
da longa estrada
E é fevereiro
sardões ao sol
Cassoalala
Eia Mucoso
tão cheio agora
Adivinhados
permanecem
lacraus caqui
capacetes giz
Não param as colheitas
Que razão seriam
fevereiro
acácias sangrando vermelho
verdes sisais
cantando o parto
da única flor?
Não param as colheitas!
António Cardoso, in "No reino de Caliban II"- antologia panorâmica de poesia africana de expressão portuguesa
Pensar e Falar Angola
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