domingo, 30 de setembro de 2007
O VENTO QUE DESORIENTA O CAÇADOR
Existem grandes criadores na literatura angolana e um desses grandes nomes é Arnaldo dos Santos. No livro O Vento que Desorienta o Caçador, publicado pela Caminho, o escritor foca o choque entre as tradições e as novas ideias, a procura dos valores eternos da humanidade. Arnaldo dos Santos serve-se do léxico local angolano misturando termos portugueses com kimbundo para dar mais autenticidade aos conflitos retratados no livro.
Neste seu último romance, o escritor angolano reflecte sobre o momento de ruptura na história do povo angolano independente, como foi o Acordo de Bicesse, entre o MPLA e a UNITA e as primeiras eleições partidárias, em que um grupo de jovens, sobreviventes de uma longa guerra, procura o modo de fazer face à incerteza que se instala nesse momento.
Nos primeiros tempos da independência de Angola e mesmo anteriormente, quando havia necessidade de uma afirmação local, a literatura angolana lutou pela acentuação regionalista, numa intenção política, restringindo o seu universalismo, mas consciente da adopção, pois tratava-se de erguer uma literatura onde não havia ainda país e a evolução foi para um maior retorno às tradições.
O Vento que Desorienta o Caçador é um livro que merece ser lido porque é autêntico, universal, consciente e particular.
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