Pinceladas desta aguarela algo dramática que é Luanda, capital de mestiçagem.
Dizia-me outro dia um embaixador africano que Angola é um país negro que não é negro, porque cruza portuguesa não é só sangue, é de "cabeça". Os angolanos das cidades são todos, afinal, mestiços de português...
Do contínuo ao ministro todos são "mulatos", quer sejam pretos ou não. E está tudo lá, África e nós, no que temos de bom e de mau. Uma grande confusão, um caso novo à face do continente, cheio de potencialidades mas também um grande divórcio entre a cidade e o interior, a saudade do chefe carismático que não chega, que não pode chegar, porque a raiz europeia abafa a raiz negra e o poder é ainda, herança grega, colectivo.
França, António Pinto da, in "Angola, o dia-a-dia de um embaixador"
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