segunda-feira, 23 de junho de 2008

Doenças tropicais II



Pesquisas sobre doenças tropicais ao serviço da expansão capitalista colonial e pós-colonial

A ciência médica foi uma das que mais contribuiu no processo de expansão colonial e pós-colonial para os trópicos. As ditas doenças tropicais representavam uma ameaça para os povos dos países que pretendiam se estabelecer nas colônias ultramar. No século XIX médicos europeus investiam em transformar os trópicos em locais habitáveis para os colonizadores brancos europeus e, ao mesmo tempo, garantir a saúde da mão-de-obra escrava das colónias, essencial ao sucesso da colonização.


No século XX, muitas pesquisas na área de geografia médica combatiam a relação entre clima-doença. Destacam-se os estudos de Victor Godinho que tinham a intenção de atender a interesses políticos e económicos, provando aos imigrantes que chegavam a São Paulo que não havia relação entre doenças tropicais e uma suposta insalubridade das cidades brasileiras. Na mesma linha, vários estudos foram encomendados na década de 1950 sobre as doenças tropicais endêmicas da Amazônia e Centro-Oeste, para atender interesses do governo de implantar projetos de exploração de energia, minérios e agropecuárias nessas regiões. Segundo Ferreira, a geografia médica brasileira esteve, quase sempre, a serviço de interesses colonialistas ou desenvolvimentistas de base capitalista, e uma produção científica desvinculada dos interesses econômicos só surgiu na década de 80.
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