segunda-feira, 25 de junho de 2007
Educar e Formar para Fixar
Pensar e falar seja de que país for, tem que ser pensar e falar das e nas pessoas.
No mundo globalizado em que vivemos, não podemos olhar para nenhum país sem olhar, entender e pensar nas gentes que são os cidadãos do mundo (se pensarmos global), ou os cidadãos de cada país (quando o nosso olhar é mais local).
O convite que me foi feito para 'colaborar' neste espaço, só me faz sentido se aqui puder trazer algumas reflexões/preocupações, que podendo servir para 'pensar Angola', são antes de mais nada uma maneira de 'pensar as pessoas' e os respectivos direitos de cidadania.
E desculpar-me-ão aqueles que se derem ao trabalho de ler os meus 'arremedos' de prosa, mas não consigo despir a camisola de profissional do ensino, pelo que o parco contributo que poderei trazer irá situar-se nesse campo específico.
Até porque, do meu ponto de vista, a educação e a formação, ou dito de uma forma mais 'angolesa', a capacitação das pessoas, é a chave para o sucesso do país que, apesar de todos os 'pesares' continua a ser o elo que nos une.
Angola, como de resto o continente africano, é sem dúvida um elo muito frágil nas relações internacionais neste tempo de globalização económica. Até mesmo quando lemos relatórios das instituições que vão justificando a hegemonia dos países centrais (o tão falado Norte), como é o caso do FMI e do seu instrumento financeiro - Banco Mundial -, podemos verificar que a África quase não existe.
Nas últimas décadas houve algum 'empenhamento' e preocupação dessas instituições em relação aos continentes asiático e sul-americano. Provavelmente, tal facto ficou a dever-se ao facto de esses continentes serem extremamente populosos, o que de um ponto de vista económico apresenta duas vantagens: constituem enormes mercados onde é possível 'vender muito', ao mesmo tempo que providenciam enormes contingentes de mão-de-obra, suficientemente barata, para proporcionarem lucros astronómicos aos capitais da 'tríade' EUA/Japão/Europa.
Já no que a África diz respeito, a grave situação demográfica (com densidades populacionais muito baixas), a que acresce uma situação sanitária bastante grave, que se traduz em esperanças de vida muito baixas, leva a um quase abandono e/ou esquecimento deste continente.
Angola, tal como muitos outros países africanos, não pode continuar a ser o que foi ao longo de cinco séculos: um enorme armazém de matérias primas para os países desenvolvidos. E a única forma de alterar as relações entre Angola e o mundo globalizado em que vivemos é através da aposta na formação e na qualificação das suas gentes. Para que em vez de vender a sua riqueza ao estrangeiro seja possível criar e transformar no interior essa riqueza, arrecadando as mais valias que hoje servem para enriquecer os novos 'senhores coloniais', os quais, usando de formas mais subtis e sofisticadas, sabem insinuar-se junto das autoridades e dessa forma subtrair ao povo angolano a riqueza a que tem direito.
E a prazo ser possível evitar a contínua sangria de quadros, ou dito de uma forma mais prosaica e terra a terra, para que Angola, tal como o resto do continente, possa ter condições de fixar e fazer crescer as populações, criando a massa crítica imprescindível ao desenvolvimento económico.
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1 comentário:
Gostei muito do seu texto! E, permitindo-me um acrescento, quando não são as autoridades estatuídas [...os novos 'senhores coloniais'...] que [...usando de formas mais subtis e sofisticadas...] estão a [...subtrair ao povo angolano a riqueza a que tem direito...]
Que o estado de direito se cumpra!
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