Nota de Imprensa sobre o dia da Criança Africana
São passados 37 anos desde que no dia 16 de Junho de 1976, na África do Sul, mais propriamente no “Gueto” do Soweto, várias crianças e adolescentes perderam a vida no ignóbil acto de cobardia e vandalismo perpetrado pelo então regime do apartheid por terem reclamado liberdade, igualdade e educação de qualidade. Aquelas crianças eram obrigadas a estudar somente em Afrikans num país bilingue e ter um ensino de qualidade relativamente inferior ao das suas congéneres brancas.
Em homenagem a elas, a Organização de Unidade Africana (OUA), adoptou o dia 16 de Junho como dia da Criança Africana. Hoje, passados todos esses anos desde o trágico acontecimento e todos os países africanos já alcançaram a tão almejada independência que era suposta trazer a liberdade, a igualdade e a educação de qualidade, pelas quais pereceram as crianças do Soweto e milhares de tantas outras crianças africanas anónimas que apesar da sua idade, deram o que melhor tinham a – vida - pela libertação de África. Nós, militantes do BD, perguntámos se valeu a pena todas essas crianças terem morrido e se os governos africanos têm de facto honrado a memória das suas destemidas e lutadoras crianças?
A esperança e o sonho das crianças africanas cedo se esfumaram, pois, independência ao invés de liberdade, veio aumentar a opressão, a pobreza, a desigualdade, a discriminação e a exclusão social massiva e generalizada. E as maiores vítimas deste fenómeno social, são sem dúvida as crianças que devido a sua natural vulnerabilidade, ficam expostas a precariedade de toda a sorte.
Devido a pobreza, cuja consequência directa e imediata é a fome, as crianças africanas vêem-se forçadas a abandonar os seus lares e famílias expondo-se a riscos maiores nas ruas; deparando-se com vários tipos e níveis de violência, exploração e toda a sorte de abusos. Ainda por causa da pobreza e do obscurantismo dentro das próprias famílias, muitas crianças são vítimas de violência doméstica que engloba tortura física e psicológica, acusação de feitiçaria e rejeição familiar e até mesmo da comunidade! As crianças africanas são impelidas a viver e trabalhar nas ruas onde não encontram nada de bom e é a lei do mais forte que impera.
As crianças são o principal recurso de África; são o seu futuro. Assim, nesta data em que se comemora mais um dia da criança africana, vai o nosso apelo para o governo angolano em particular, já que a realidade em torno da condição da criança angolana não difere em nada da do resto do continente, que priorize a educação universal e ofereça educação de qualidade, formule políticas e estratégias realistas que incluam projectos e programas de estruturação e reintegração familiar, reforço da capacidade financeira das famílias, mecanismo de proteção efectiva da criança. Para que possa haver um ambiente familiar acolhedor, atractivo e protector para as nossas crianças.
O BD conclui que se não se reconhecer a necessidade do fortalecimento do papel da família, não teremos crescimento nem desenvolvimento harmonioso e sustentável das crianças africanas, não haverá desenvolvimento no continente africano. O futuro do continente depende das crianças, por isso cuidemos delas.
Feliz dia da criança africana.Luanda, 16 de Junho de 2013
Mudar o Futuro pela “Liberdade, Modernidade e Cidadania”
O Secretário Geral
Filomeno Vieira Lopes
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