CONSTRUÇÃO DA COMUNIDADE LUSÓFONA
Somos lusófonos e é necessário captar esta realidade passada , presente e futura para nos respeitarmos e sermos respeitados.
É necessário que cada um tenha consciência de si através de auto-reflexão e desse modo os outros certamente irão respeitá-lo.
O espirito dos lusófonos tem demonstrado ser, em geral, pacífico e fraternal, propenso à miscigenação física e cultural e à descoberta dos melhores valores humanos.
O poeta Camões é o primeiro mensageiro desta Comunidade Lusófona ao contactar e apreender com outros povos de diferentes culturas.
O poeta Fernando Pessoa antes de 1935 vislumbrou também esta Comunidade e tinha consciência sobre a difícil realidade portuguesa e seu pseudo império após viver alguns anos na África do Sul ..
Fernando Pessoa tem uma percepção universalista das sociedades humanas e dos países e talvez por isso fez referências a um Quinto Império que seria o império da cultura ou seja, união de diferentes povos com suas diferentes culturas, preservando-se as especificidades de cada um mas com objectivos comuns profundos, fundamentando-se esta união no respeito, na independência, na preservação dos valores culturais, na modernidade, na harmonia, no equilíbrio, na sustentabilidade de um desenvolvimento social, económico e ecológico.
Não seria um império de domínio mas de colaboração e criatividade capaz de responder equilibradamente aos novos desafios deste século XXI.
Muitos pensadores nos seus países de origem têm alertado para a necessidade de se avançar mais rapidamente e realmente para a construção desta Comunidade.
O pensador Cunha Leal, ex-ministro do Governo de Salazar e outros pensadores, na sua época também falaram, de um outro modo, nas mudanças necessárias para transformar a sociedade colonial portuguesa numa verdadeira Comunidade Lusófona, não de domínio mas de colaboração.
Mas os detentores do poder no pseudo-império português e eram poucos , pois a maioria do povo apenas tinha deveres e muito poucos direitos, com sua visão fechada para a inovação e pouco universalista não vislumbraram o “momentum“ clamado pelos poetas e pensadores maiores lusófonos , na metrópole e nos territórios ultramarinos .
(clique em Ler mais para ter acesso a todo o texto)
O “momentum” foi desperdiçado e Portugal deixou de cumprir-se .
Se os pseudo-donos do poder em Portugal tivessem compreendido as mensagens escritas em prosa e poesia pelos maiores pensadores da língua portuguesa, antes de 1940, saberiam que aquela era a ocasião para as necessárias e profundas mudanças sociais, políticas e económicas em Portugal e suas colónias e certamente que a CPLP hoje estaria em pleno funcionamento e união, sem complexos nem âncoras.
Se os governantes portugueses, por volta do ano de 1940, tivessem preparado o país e suas colónias para uma futura união e com total independência...,
se os povos nas colónias e em Portugal tivessem isso à escola prepararem-se para assumir democraticamente seus destinos e seus governos...,
se Portugal tivesse assumido em 1940 uma postura de liderança mundial dando exemplo com transformações sociais, políticas e económicas no seu pseudo-império...,
certamente ter-se-iam alcançado outros patamares de desenvolvimento sustentado sem guerras fratricidas nos PALOP e sem maiores traumas e certamente hoje esta Comunidade Lusófona seria muito mais respeitada não só perante os lusófonos mas também perante os outros povos e Portugal ter-se-ia cumprido plenamente como país inovador e criativo.
O facto de ter havido uma chamada “Revolução dos Cravos” em Portugal quase sem derramamento de sangue, como resultado dos movimentos independentistas nas colónias, já serviu como exemplo para outras chamadas revoluções políticas na Europa do Leste e até em outros lugares.
A ocasião, “o momentum” foi perdido e as consequências foram e ainda são traumáticas.
É importante reflectir-se sobre tudo isto, sem complexos de superioridade ou inferioridade, e lendo com profundidade as mensagens dos maiores lusófonos, em todos os quadrantes e em todos os países da CPLP, captando-lhes a essência e lendo nas entrelinhas.
É preciso querer agora, no presente, construir uma comunidade pacifica, fraternal, moderna, racial, numa perspectiva de desenvolvimento social, económico e ecológico sustentado aonde todos os povos e cidadãos desta Comunidade tenham plenos direitos e deveres.
Certamente que este movimento lusófono na construção de um novo “momentum”, terá de ser assumido e liderado por todos os povos da CPLP , sem excepções , sem preponderâncias ou intenções de maiores domínios por parte de algum país , grupo ou pessoas pois estamos no século da informação e muitos sabem ler nas entrelinhas dos actos , transparentes ou não, e nas entrelinhas das intenções e dos objectivos a serem alcançados .
Já que Portugal não se fez cumprir até ao ano de 1940 , espera-se agora , neste início do século XXI , que saibamos cumprir uma verdadeira e desenvolvida Comunidade Lusófona (CPLP) .
É o nosso desejo!
Pensar e Falar Angola
terça-feira, 16 de outubro de 2007
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