sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Mufete de Sardinha

Ingredientes:
8 dentes de alho
2 cebola grande
farinha de mandioca q.b.
gindungo (piri-piri) q.b.
sal q.b.
8 sardinhas

Preparação:
Lave o peixe muito bem, mas não retire as tripas, depois pise o alho com sal e gindungo. Despeje no peixe e regue com vinagre, deixe marinar durante alguns minutos. Depois de bem temperado ponha no grelhador eléctrico. Enquanto estiver no lume, pique a cebola numa tigela com gindungo, ponha sal , azeite e vinagre e mexa tudo muito bem, acrescente um pouco de água. Depois de pronto sirva num prato largo e borrife o peixe com o molho de cebola picada, polvilhe com a farinha de mandioca de lado e sirva quente.

Pensar e Falar Angola

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Por uma Luanda melhor









O que deve saber sobre o licenciamento ?
Não deverá proceder á construção, reconstrução ou modificação importante em prédios já construídos, sem a licença dos respectivos corpos aministrativos.
Para concorrer ao licenciamento de uma obra deve anexar uma solicitação dirigida ao Sr. governador da Província de Luanda onde deverá constar a categoria das obras que pretende realizar.

Se proceder a uma obra de raiz, deve anexar:
- Cópia da titularidade do terreno (contracto promessa, certidão de registo da conservatória do Registo Predial)
- 3 vias do projecto completo contendo plantas baixas, cortes longitudinal e transversal;
- Desenho da fachada lateral e frontal da edificação;
- Quadro de áreas;
- Memória descritiva e justificativa;
- Respectivas declarações do técnico projectista
Pague as respectivas taxas relativas a obtenção de licença.
A licença de construção tem validade de 1 ano renovável com o pagamento do acréscimo.
Aguarde a competente resposta das Autoridades Provinciais.
Recorra sempre a um arquitecto e engenheiro com assinatura reconhecida no Governo Provincial e com a carteira profissional da Ordem.



(continua)







Pensar e Falar Angola

Dizem é o futuro (3)



Pensar e Falar Angola

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Por uma Luanda melhor





Após legalizado o seu terreno o que deve fazer para iniciar a construção?
Solicitar em documento escrito a competente licença de Alvará de construção.
Anexar 3vias do projecto completo contendo :
1. Plantas Baixas
2. Corte longitudinal e transversal
3. Desenho da fachada lateral e frontal da edificação
4. Quadro de áreas
5. Memória descritiva e justificativa
6. Respectivas declarações do técnico projectista.

Anexar a cópia da titularidade do terreno (contracto promessa, certiudão de registo da Conservatóriado Registo Predial);
Pague as respectivas taxas relativas a obtenção de licença.

Aguarde a competente resposta das Autoridade Provinciais.
Recorra sempre a um Arquitecto e Engenheiro com assinatura reconhecida no Governo Provincial e com carteira profissional da Ordem;
Concluída a construção solicite a competente vistoria para obtenção do Certificado de Habitibilidade.

O que não deve fazer?
Não inicie a obra sem que obtenha a comptente resposta das Autoridade Municipais;
Não recorra a ténicos que não tenham a assinatura reconhecida;



Pensar e Falar Angola

Faleceu Gentil Ferreira Viana

Faleceu ontem no Hospital da Luz, em Lisboa, outra das figuras da luta pela independência de Angola: Gentil Ferreira Viana, que pertencera ao mesmo grupo nacionalista dos irmãos Joaquim e Pinto de Andrade e de Hugo Azancot de Menezes, com os quais assinou o Manifesto dos 19, que deu origem à Revolta Activa.

Pensar e Falar Angola

Morreu Joaquim Pinto de Andrade

Depoimento de Joaquim Pinto de Andrade

Entre Junho de 1960 e Outubro de 1970, o sacerdote católico angolano Joaquim Pinto de Andrade foi preso seis vezes pela PIDE. Começamos hoje a transcrever o seu depoimento.
"1.ª Prisão - [...] Ao fim de uma semana de interrogatórios sobre pretensas actividades subversivas, disse-me então o director da P.I.D.E., inspector Aníbal de S. José Lopes: «Fui levar os seus autos ao senhor governador-geral (era então o desembargador Silva Tavares). Concluímos que não há motivo para manter a sua prisão [...]. Todavia a sua presença nesta cidade é inconveniente neste momento. [...] ficou decidido que o sr. segue imediatamente para Lisboa, num avião militar, e ali ficará em liberdade durante três ou quatro meses, para dar tempo a que acabe esta onda de indignação pela sua prisão. Após três ou quatro meses, o sr. poderá regressar a Luanda.» Todavia, em vez da liberdade prometida, encontrei no aeroporto um chefe de brigada da P.I.D.E. que me conduziu à cadeia do Aljube, onde estive detido, isolado, durante mais de quatro meses. Para conseguir melhoria de condições carcerárias, que eram péssimas, vi-me obrigado a fazer a greve da fome durante seis dias.
[...] A minha carta de protesto ao director da P.I.D.E. ficou sem resposta.
Em Novembro de 1960 fui metido num barco cargueiro da CUF (o «Bragança»), acompanhado de um agente da P.I.D.E. Durante vinte dias navegámos sem que me fosse revelado o destino. Chegados à ilha do Príncipe, fui obrigado a desembarcar e entregue ao posto local da P.I.D.E. Aqui foi-me dito pelo agente Moreira que estava em liberdade vigiada e residência fixa na ilha, que devia apresentar-me todos os dias à P.I.D.E. e que toda a minha correspondência (quer expedida, quer recebida) devia ser previamente censurada pelo chefe do posto da P.I.D.E. Perguntei como e onde podia arranjar alojamento, alimentação, etc., numa terra que me era totalmente desconhecida e dado que não tinha um tostão na algibeira. O agente da P.I.D.E. respondeu-me: «Arranje-se como puder.» Fui então pedir auxílio à missão católica local, onde vivi durante cinco meses. Entretanto desencadeia-se a luta armada em Angola, em Fevereiro-Março de 1961."
2.ª Prisão - Em 25 de Abril de 1961, às três horas da madrugada, sou arrancado da cama por dois agentes da P.I.D.E. e levado, sem qualquer explicação, para Lisboa, num avião militar, tendo sido mesmo guardado à vista por um soldado de metralhadora aperrada e com os olhos desvairadamente fixos em mim.
Em Lisboa fui de novo encarcerado nas masmorras do Aljube, onde haveria de permanecer durante quatro meses, sem que fosse formulada qualquer acusação. Com efeito, fui submetido a um único interrogatório, em que me perguntaram apenas que actividades subversivas havia eu desenvolvido na ilha do Príncipe e quais as minhas ligações com os movimentos de libertação de Angola. A ambas as perguntas eu respondi, como era óbvio, negativamente. E foi tudo. Apesar disso, permaneci preso e isolado durante quatro meses.
Para obter melhores condições carcerárias, tive de fazer de novo uma greve da fome de quatro dias.
Em 19 de Agosto de 1961 fui conduzido por dois agentes da P.I.D.E. até ao Mosteiro de Singeverga (Roriz-Negrelos), no Minho, onde me foi fixada residência, com proibição de sair dos muros do mosteiro, de pregar, de ouvir confissões.
Aqui permaneci onze meses enclausurado."
Memorandum, 9-1-1971, ed. MPLA
(in Alves Manuel, Rogério Carapinha e Dias Neves - PIDE: a história da repressão. Fundão: Jornal do Fundão, 1974. p. 33-34).
Nb: existe um trabalho académico sobre o processo de Joaquim Pinto de Andrade

Acabo de saber do falecimento de Joaquim Pinto de Andrade, nacionalista angolano e cidadão do mundo. Conheci-o numa cela da prisão do Aljube. Ele era então padre e acusado de pertencer ao MPLA. Esse encontro marcou-me profundamente.A nossa amizade foi imediata. Assisti à sua aparente saída da prisão em Janeiro de 1963, e só mais tarde soube que mal pusera o pé fora da cadeia uma brigada da PIDE o levara para Caxias para recomeçar os períodos «legais» da prisão preventiva. Nunca o vi odiar os seus algozes ou ceder nas suas convicções. Foi dos primeiros a telefonar-me para Genebra depois do 25 de Abril cheio de esperança no entendimento futuro entre Portugal e Angola.A história da independência do seu País foi-lhe madrasta. Integrou o movimento da Revolta Activa e foi centrifugado dos centros de poder. Encontrei-o pela última vez em Luanda. Era um Ghandi desencantado mas ainda empenhado.


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(2) Ágora - Quando dois elefantes lutam, o que se estraga é o capim!


Quando dois elefantes lutam, o que se estraga é o capim!

Jacinto Veloso, moçambicano que em 1963 abandona com um avião militar com destino a Dar-es-Salam, membro do CC da Frelimo, governante em várias pastas em Moçambique, e presença activa em todos os processos negociais que alteraram o mapa geopolítico da África austral no ultimo quartel do século XX, traz-nos o seu depoimento em “Memórias em voo rasante”.
Este livro, cuja primeira tiragem é de Novembro de 2006, e distribuído em Maputo, só agora chegou aos escaparates das livrarias de outras latitudes, e logicamente mereceu logo alguma atenção.
O livro inicia com um pequeno “pré-intróito”, que de certa forma ousaria chamar de “quase expiação”: “Dedico estas memórias em voo rasante a todos os jovens moçambicanos, para que evitem cometer os erros que os mais velhos já cometeram e em particular, para que saibam sempre em cada momento, colocar o interesse supremo da nação moçambicana acima das suas ambições pessoais”.
Ao longo de um livro muito enriquecido com fotos, documentos, o autor procura ir mostrando o que foi a sua vida de compromisso político com a luta de libertação de Moçambique, as suas ligações a Mondlane, a quem o autor deixa sinais claros que tinha pelo primeiro presidente da Frelimo uma enorme admiração de carácter político, admitindo mesmo que: “Estou persuadido que, se não tivesse sido assassinado, o pós independência de Moçambique poderia ter sido diferente”.
Na sua vivência da transição de Moçambique para a independência, e sobre os contornos do acordo de Lusaka (o acordo de Setembro de 1974, que definiu com Portugal, as etapas a percorrer até à independência), Jacinto Veloso faz uma abordagem de situações, forçado por algum laconismo, aliás presente em todo o livro, um pouco diferentes das avaliações feitas por outros presentes na cimeira e que também já escreveram sobre a sua participação (Falo por exemplo dos livros de Almeida Santos, João Paulo Guerra, Otelo Saraiva de Carvalho e Melo Antunes, isto para falar apenas dos que estiveram por dentro do encontro que precedeu o 7 de Setembro de 1974).
O que o “Memórias em voo rasante”, traz de muito importante foi a análise e avaliação da correlação de forças na África austral face às potencias envolvidas na guerra fria, e não deixa de ser surpreendente quanto qualquer negociação, política, económica ou até de carácter desportivo ou cultural, era sistematicamente condicionada pela luta entre os protagonistas dos dois blocos existentes ao tempo. Os acordos de Lancaster House, de Nhkomati e mesmo os contactos preliminares que se fizeram na Congregação de Santo Egídio, para não falar de adesões frustradas ao FMI, Banco Mundial, ou até mesmo a estruturas de apoio humanitário, era tudo condicionado pela luta das super-potencias, e condicionadas sempre pela colagem de Moçambique ao rótulo do comunismo, o que o relato de Jacinto Veloso demonstra ser completamente desajustado da realidade dos factos de então.
O autor coloca um conjunto de interrogações sobre a tragédia de Mbuzini e à forma como caiu o Tupolev onde ia Samora Machel, Aquino de Bragança e Fernando Howana (convenhamos que Veloso era oficial aviador do exército português), sem contudo indiciar em concreto a responsabilidade de alguém.
No livro descreve com alguma minúcia a troca de Petrus du Toit e os cadáveres de dois sul-africanos, que tentaram fazer uma sabotagem em Cabinda em 1985, por soldados angolanos e cubanos presos pela Unita, em 1987
No que toca à independência da Namíbia, e à tentativa de fazer estancar as investidas sul-africanas a partir do então Sudoeste-Africano ao sul da então Republica Popular de Angola, Jacinto Veloso faz algumas revelações interessantes, nomeadamente a situações que viveu com a delegação angolana em todo o processo negocial, ao tempo liderada por Alexandre Rodrigues (Kito) com quem ele mantém uma grande amizade desde o exílio de ambos em Argel no fim dos anos 60.
O livro é muito interessante, embora pontualmente acho que o autor, porque o está a escrever em discurso directo, podia colocar mais detalhes que pudessem esclarecer melhor um período em que os Estados Unidos e URSS fizeram o seu ultimo lugar de confrontação.
O livro editado pela Papa-Léguas vale bem a leitura, pois é esclarecidamente leve, e parece-me que despretensioso por parte do Jacinto Veloso, um homem de causas e de compromissos claros com Moçambique, deixando claro que é preciso “Reduzir sempre os inimigos e aumentar sempre os amigos” como ele cita Mondlane.

Fernando Pereira
26/01/08


Pensar e Falar Angola

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Por uma Luanda melhor



O que deve fazer para obter uma parcela de terreno?
Solicitar por escrito em documento reconhecido pelos serviços notariais da Província, dirigida a :
1. Sr.Governador 2. Sr. Administrador Municipal (quando existir área em perspectiva)
3. Delegado de Finanças do 1º, 2º e 3º Bairros Fiscais
- Remeter a solicitação à Administração Municipal
- Pagar os emolumentos relativos a essa solicitação
- Se autorizada, será concedido um contracto promessa onde constará as benfeitorias iniciais a executar, acompanhado do Plano de Massas da Zona (afastamentos da frente e rectaguarda, laterais, alturas, nº de pisos a construit no lote);
Nota : Só deverá iniciar a execução de obras se estiver devidamente autorizado

O que não deve fazer?
Comprar uma parcela de terreno se lhe for exibido somente um corquis de localização;
Comprar terreno se lhe for exibido somente um contracto promessa não visado em conjunto pelo Director dos Serviços de Planeamento e Gestão Urbana e Administrador Municipal e Responsável pela Unidade Ténica de Serviços dos Serviços de Planeamento e Gestão Urbana do município.
Não negocie parcelas de terreno com os particulares, camponeses, autoridades tradicionais, administradores municipais, coordenadores de bairro, representantes de partidos políticos, membros de igrejas, e outros individuos sem prévio consentimento da Direcção dos Serviços de Planeamento e Gestão Urbana.

(continua)




Pensar e Falar Angola

Avançado angolano do Manchester United já está em Atenas às ordens do português José Peseiro

Manucho: «Quero marcar muitos golos
e ajudar o Panathinaikos a ser campeão»


Manucho chegou a Atenas, a fim de se juntar ao plantel do Panathinaikos, clube que vai representar até final da época, por empréstimo do Manchester United. Antes, porém, o jogador ainda teve de passar por Kinshasa, na República Democrática do Congo, a fim de obter na embaixada grega o visto de entrada no país. O desvio deveu-se à falta de uma representação diplomática helénica em Angola.

À chegada ao Aeroporto Internacional de Atenas a nova estrela do futebol angolano prometeu muitos golos, para ajudar o conjunto orientado pelo técnico português José Peseiro a vencer o campeonato grego.

«Quero marcar muitos golos e ajudar o Panathinaikos a atingir os seus objectivos», começou por expressar o ex-jogador do Petro de Luanda. «A equipa é boa e agora tenho é de conhecer agora os técnicos e os meus colegas», disse o avançado de 24 anos. Quando questionado sobre o excelente desempenho na Taça de Africa das Nações (CAN), no Ghana, o angolano garantiu estar «muito satisfeito por ter representado Angola no CAN mas a partir de agora tenho de pensar apenas no Panathinaikos».

Manucho reconheceu ainda que o técnico português da equipa Grega foi fundamental nesta transferência. «O Panathinaikos tem um grande treinador, que foi muito importante para a minha vinda para aqui, até regressar ao Manchester United», disse o jogador. «A adaptação vai ser mais fácil porque é português», acrescentou ainda o avançado angolano que pode vir fazer dupla com, o também português, Hélder Postiga.


Manucho, que tem um contrato de trabalho de três anos com o clube inglês, deverá completar nos próximos quatro meses a percentagem de internacionalizações exigidas (75%) para conseguir um visto de trabalho que o habilite a jogar na Primeira Liga inglesa.

Ainda em Luanda, Gil Gomes, o representante do avançado na equipa inglesa garantiu que «Manucho vai apresentar-se no Manchester United no dia 8 de Julho, para integrar o plantel para a próxima época». Segundo Gil, o internacional angolano estará a partir de Julho próximo em condições de jogar pelos Red Devils.

Os jogos da Selecção Nacional para a fase de qualificação ao Campeonato do Mundo de 2010, na África dos Sul, acrescidos aos do CAN daraão até ao final da época a percentagem suficiente para o internacional angolano jogar em Inglaterra», explicou o técnico angolano do Manchester United.



Gentileza Maisfutebol Angola.




Pensar e Falar Angola

Ainda o golo do Manucho no CAN


Com os agradecimentos a Fernando de Sousa Ribeiro e ao jornal Maisfutebol Angola.




Cartoon de William Smith /Maisfutebol Angola.

Pensar e Falar Angola

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Muxima

Muxima, Província do Bengo, Angola [-9.517 , 13.967]
Tantas vezes cantada...
Tantas vezes venerada...

Duo Ouro Negro
"Amanhã
vou acender uma vela na Muxima
Amanhã
levo para os meus santos flores de acácias
Amanhã
peço p'ra toda gente que me estima
Amanhã
peço p'ro novo dia que virá …"

Carlos Aniceto Vieira Dias
Muxima ue ue, muxima ue ue, muxima
Muxima ue ue, muxima ue ue, muxima
Se uamgambé uamga uami
Gaungui beke muá santana
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Lagi ni lagi kazókaua
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Lagi ni lagi kazókaua

PS: A palavra "muxima" quer dizer coração em Kimbundo. A Nossa Senhora do Coração dos Angolanos.

Pensar e Falar Angola

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Filatelia



Pensar e Falar Angola

Kwisses, o primeiro povo a habitar Angola

Yara Simão Jornal de Angola

Olhos grandes e expressivos, rostos arredondados, cabelos ruivos e cheios constam entre as principais características de um povo de trato delicado. A estas juntam-se a pele escura e seca. Encontramo-los a 130 km do município do Virei, debaixo do uma sombra. O ponteiro do relógio assinalava 12h45, altura em que a família se reunia para saborear o pirão com carne seca. Trata-se dos Kwisses, o primeiro povo não bantu que habita em Angola há milhares de anos.
Os Kwisses, povos negro-africanos não-bantus fazem parte do chamado "Fundo Antigo do Povoamento Negro da Região" e constitui hoje o mais antigo povo a habitar ­a região.
Habitam as zonas montanhosas da região, como Morro das Neves, sito no município do Camucuio e o interior da região do Caraculo, onde ocupam grande número de grutas naturais abertas sobre rochas.
Esse povo usavam como vestuário, uma pequena pele de animal a cobrir pela frente, a diversidade dos sexos, não se lhes encontrou o sinal de indústria. Desconhecem a pólvora, a arma de fogo, servindo-se apenas de zagaias e de setas, como instrumentos de ataque e defesa.
Vivem na forma mais arcaica de organização económica e social dedicando-se, ainda, à caça e à recolecção. Mas, é visível nos dias de hoje, por parte deste grupo, uma inclinação à criação de gado e à pastorícia, prova disso verificamos no Morro das Neves, município do ­Camucuio.
Os Kwisses, devido a degradação do seu modo de vida motivada pela progressiva degradação do meio ambiente que, por um lado, é favorável à caça e à recolecção e por outro lado, a situação de humilhação a que estão sujeitos por parte dos mucubais, até ao ponto de sentirem-se forçados a integrar no seio destes e outros povos.
Um dos problemas que afecta esta povoação, são as elevadas perdas constantes de gado devido a escassez de água que vem a constituir um sério perigo para a sobrevivência dos animais e do próprio povo.
O contacto com elementos estranhos a cultura destes povos reveste-se de extrema preocupação, uma vez que começam a influenciar de forma negativa no seu normal modo de vida e na sua cultura, com o risco de perderem a sua identidade cultural.
A frequência de comerciantes ilegais nestas regiões transportando produtos que, muitas vezes não correspondem a realidade cultural destes, nem as suas reais necessidades, podem influenciar de forma negativa sua normal vivência e distorcer a sua identidade cultural, com todos os ricos que tal situação possa acarretar.

Se as "sociedades modernas" que estão munidas de formação técnica e académica "dificilmente" conseguem evitar os efeitos negativos da globalização, o que será das nossas comunidades linguísticas, se nada for feito por eles?


Kwisses e mucubais vivem há milhares de anos como rivais

Vinganha Muetutima, o chefe da tribo afirmou que desde os primórdios da sua geração, nunca se importaram a economizar. Viviam simplesmente do que a natureza lhes oferecia. Tempos volvidos apareceram os mucubais, já mais assimilados e começaram a fazer a pastorícia que se tornou anos depois no seu meio de sobrevivência.
Daí, contou, começou a surgir o espírito de grandeza por parte deles e trazer no seio da região a luta de poder, originando o distanciamento entre os dois povos até aos dias de hoje.
"Os mucubais habitaram nesta região muitos anos depois dos Kwisses. Fomos os primeiros a habitar nestas montanhas, sempre vivemos da recolecção, dos frutos silvestres, matamos animais para nos alimentarmos e bebemos águas da nascente e das chuvas. Hoje os mucubais querem mandar em nós. Sendo assim, somos obrigados a vestirmo-nos e comportarmo-nos como eles."
Vinganha Muetutima disse que os Kwisses não podem sair da sua área para habitar por muito tempo onde vivem mucubais e nem sequer falar a sua língua de origem. Ambos dificilmente se falam. Os problemas aumentam quando um Kwisse e uma mucubal, ou vice-versa se apaixonam.
Os responsáveis desses povos são obrigados a realizar uma reunião extraordinária na presença dos dois e proibir um possível namoro. E se tal acontecer às escondidas, ambos são destituídos das suas povoações.
O chefe da tribo informou que muitos deles foram obrigados a abandonar a região Norte e foram para a parte Sul, para não viverem sobre a dependência dos mucubais, os considerados donos das terras. "Eu e a minha família, fomos os únicos que ficamos nesta região e não pretendemos sair, mas sim lutar para que um dia possamos ser reconhecidos como os primeiros habitantes destas regiões mesmo não tendo bois ou cabritos."



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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Equipas angolanas vencem por 2 - 1 nas AFROTAÇAS

O 1º de Agosto venceu ontem no Mali o Stade Malien por 2-1.
Estádio Mobido Keita, sob a arbitragem do nigeriano Ojo - Oba Adigum, assistido por Aundgh Robert e Auwalu Barau, as equipas alinharam assim:
Stade Malien - Abdoulaye, Ibrahima (cap) Djibril, Eliassou, Benego, Youssouf (Moussa), Aboubacar, Drissa, Karim, Moctor e Bakary. Técnico: Dialo Sekou.
1º de Agosto - Pitchu, Loco, Joãozinho, Elísio, Mendes (Roger), Kumaka, Zé Augusto, Mbyavanga (Dani), Tião, Fofana (Henri Milanzy)e Bena. Técnico: Vitor Manuel.
Acção Disciplinar: Cartões amarelo para Mendes e Zé Augusto
Marcha do Marcador: 1-0, aos 38 minutos por Eliassou, 1-1 por Zé Augusto, aos 48 minutos, e 1-2 por Bena, aos 75.
Resultado ao Intervalo: 1-0.
Resultado Final: 1-2

Identico resultado teve o InterClube de Luanda no Estádio Nacional de Malabo, com mais de 2.500 espectadores.
Sob a arbitragem do trio dos Camarões constituído por Mamadou Mal Solei (árbitro principal), Mussa Yanoussa e Yono Cleman (auxiliares), as equipas alinharam:
Renacimiento FC - Gato (cap); Collin, Disu, Ture, Lino; Damien, Trezor, Eladji (Inika), Lauren; Emanuel (Soleman), Ntoto. Técnico: Kamilo Balombo (R . Congo Democrático).
Interclube - Mário; Eduardo, Wetchi, Kito, Yuri; Nunas, Dione, Minguito, Mingo (Nuno), Lucas(Kanu) e Pedro Henriques. Técnico: Carlos Mozer (brasileiro)
Acção disciplinar: cartão amarelo para Kito.
Resultado ao intervalo: 1:1
Resultado final: 1:2
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domingo, 17 de fevereiro de 2008

(1) - Ágora / A insustentável ideia do merecer

A insustentável ideia do merecer!
Com a chancela da “Afrontamento”, surgiu já há algum tempo nos escaparates das livrarias, uma obra que será inevitavelmente um documento relevante na história contemporânea de Angola.
O autor, Fernando Tavares Pimenta para além de investigador universitário em Ferrara e Coimbra, é um jovem, já nascido depois de Novembro de 1975, e sem qualquer ligação a África nem tampouco por parte dos seus familiares directos. Aliás do mesmo autor deixo aqui a referencia para o seu primeiro livro “Brancos de Angola. Autonomismo e Nacionalismo (1900-1961)” , que oportunamente aqui terá o seu comentário com maior detalhe. São trabalhos científicos e podendo ser referenciável o distanciamento do autor a África, pode haver algum descomprometimento na análise do século XX angolano.
O livro, como aliás o nome sugere, “ Angola no percurso de um nacionalista. Conversas com Adolfo Maria” é uma longa entrevista, que começa de uma forma reservada, mas que ao longo do livro Adolfo Maria, vai entrecortando as suas experiências pessoais e o seu percurso político, analisando com natural subjectivismo o seu enquadramento na luta de libertação nacional e a sua limitada e sofrida participação no quotidiano político da Angola independente, nomeadamente na sua fase inicial.
A argumentação de Adolfo Maria, que é reveladora de uma enorme capacidade de organização, é ilustrada por muitos documentos e fotos. Ao longo de trezentas e cinquenta páginas, passamos pela adesão nos anos 50 ao emergente movimento nacionalista urbano, centrado no Liceu Salvador Correia e na Sociedade Cultural de Angola (1957). Continuou pela FUA, e a forma como foi a sua entrada no MPLA, as influências que recebeu, e aqui não deixa de ser curiosa a cumplicidade enorme entre A.M. e Gentil Viana, que já vem dos tempos do Liceu. Surpreende em todo o livro, a fluência do “entrevistado”, e fundamentalmente de uma forma que se percebe ser sofrida, Adolfo Maria “desmistifica” de certa forma a guerrilha, onde contrariando a imagem de solidariedade, respeito hierárquico, sentido de justiça e acima de tudo partilha, o que transparece das suas palavras é precisamente o contrário, em que se vai vivendo inúmeras situações de racismo, tribalismo, amiguismo, apego despudorado ao poder, e outros condimentos que levam a manifestações deploráveis de irracionalidade, que segundo o autor se perpetuaram no MPLA ao longo de décadas. È uma fase particularmente interessante do livro, pois algumas personagens são colocadas na guerrilha ou no exílio, e depois compara-se a postura dessas pessoas no novo País libertado do colonialismo.
Há acusações que a serem comprovadamente verdadeiras, podem trazer um olhar diferente na vida política de Angola da ultima metade do século XX.
Adolfo Maria assume claramente a defesa da “Revolta Activa”, e diz claramente que Viriato da Cruz foi o verdadeiro pai do nacionalismo angolano. Partilha, no seu discurso, o que tantos já disseram e escreveram sobre a autofagia no MPLA, e a máxima que as revoluções começam por se alimentar dos seus próprios filhos.
Não deixa de ser rocambolesco, as aventuras do seu período de “clandestinidade” no centro da cidade de Luanda, o que não deixa de ser curioso, tendo em conta as características das forças policiais nessa altura em Luanda (1975-1979). Há no entanto um detalhe não negligenciável na entrevista, que é o facto do autor em circunstância alguma abjurar algo sobre o seu percurso, sem que isso retire qualidade e importância ao livro de Fernando Tavares Pimenta.


Fernando Pereira

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Angola, em cor feminina






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sábado, 16 de fevereiro de 2008

SOLIDARIEDADE

Excerto da entrevista de António Marinho e Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, à Revista NS, 109, de 9 de Fevereiro de 2008.

Em Coimbra, foi preso pela polícia política. Esteve detido em Caxias.
Ainda era caloiro, estava em Coimbra há quatro meses, pertencia a uma estrutura semilegal, semiclandestina ligada ao Partido Comunista Português que era o Movimento Democrático Estudantil (MDE). O MDE reunia numa república, onde eu vivia, os Pim-Pim-Nelas. Eu pertencia ao secretariado do MDE, era muito activo. Vinha de Vila Real já com intervenção política e sobretudo muito influenciado por duas pessoas: Francisco Seixas da Costa, actualmente embaixador no Brasil, e o cineasta João Botelho, estudante de Coimbra e participante nas actividades do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC). Levavam aquela propaganda toda nas férias e tínhamos discussões enormes. Quando cheguei a Coimbra, no ano lectivo de 1970-71, já estava motivado para o movimento académico, quer pela greve aos exames de 1969 quer pelos acontecimentos de Maio de 68, em França. Aliás, eu estivera em Coimbra no ano anterior, participando em certos movimentos da crise. Quando cheguei como estudante, fui logo eleito delegado de curso no primeiro ano. Criou-se então um movimento de solidariedade com dois colegas nossos que estavam presos: Garcia Neto, do Kimbo dos Sobas...
Que era do MPLA.
Sim e que acabou por morrer na altura da insurreição do Nito Alves contra o Agostinho Neto. O outro era o Saborosa.
Também angolano, também do MPLA, mas branco.
Estavam ambos presos, acusados de pertencerem ao MPLA. Desencadeámos um movimento de solidariedade, formalmente humanista. Sobretudo Garcia Neto, sendo angolano e pobre, estava em condições deploráveis, faltando-lhe inclusive produtos higiénicos. Naquele tempo só a família podia visitar, e como não tinha cá a família... Mandámos livros, cigarros, jornais, pijamas. Mas, à sombra disso, fizemos uma campanha política intensa contra a guerra colonial. E o Governo não perdoou isso, com Veiga Simão (Ministro da Educação) à cabeça, esse grande democrata...
Quando ocorreu?
Em Fevereiro de 1971...

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Sábado Musical



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